terça-feira, 3 de abril de 2012

SENTIR-SE SO

    Todos nós carregamos,em nossa constituição pessoal,uma faixa de solidão,na qual e pela qual somos diferentes dos outros.

ATÉ ESTA SOLIDÃO NINGUÉM CHEGA, NEM PODE CHEGAR.

         Nos momentos decisivos estamos sós.
Só DEUS pode descer até essas profundidades, as mais remotas e afastadas de nós mesmos. A individualizção, o ter consciência de nossa inidentidade pessoal,consiste em ser e sentir-mos diferentes uns dos outros. E a experiência e a sensação de "estar ai",como consciência consciente e autónoma.
       VAMOS IMAGINAR UMA CENA; estou agonizando no leito de morte.

Suponhamos que neste momento rodeia-me as pessoas que me querem neste mundo,que na verdade seria minha família, meus filhos, meus netos, procurando acompanhar-me com sua presença, palavras e carinho, na hora de fazer a travessia da vida para a morte. Procuram "estar comigo," nesse momento.

     Por mais palavras, consolações e carinhos que me prodigalizem esses seres queridos, nesse momento eu "me sinto"só,sozinha. Nesta agonia ninguém esta comigo, nem pode estar. As palavras dos familiares chegarão até o tímpano, mas lá longe, lá onde eu sou diferente dos outros, estou completamente solitário,ninguém está "comigo". Os carinhos chegaram até a pele, mas nas regiões mais remotas e definitivas de mim mesmo, ninguém está comigo. Ninguém pode acompanhar-me na morte, é uma experiência insubstituivelmente pessoal e solitária.

    Essa solidão existencial, que transluz claramente no exemplo da agonia, aparece também , com a mesma claridade, no longo da nossa vida. Se sofremos um enorme desgosto ou fracasso, virão certamente nossos amigos e irmãos confortarmos e animar-nos. Quando eles forem embora ficaremos carregando sozinhos o peso do próprio desgosto. Ninguém - a não ser DEUS - pode partilhar esse peso. Os seres humanos  podem  "estar conosco" até um certo nivel de profundidade. Mas nas profundidades mais definitivas, estamos absolutamente sós.

              REPITO; nos momentos decisivos, estamos sozinhos.

Experimentamos essa mesma solidão existencial vivamente na hora de tomar umas decisões, na hora de assumir uma alta responsabilidade, em um momento importante da vida. Sentir-se sozinho, mesmo rodeado de assessores, é o que eu sinto neste mundo, é o que sente um pai de família,um bispo,um medico, um superior provincial, um presidente da República....

    Acho que a pessoa mais solitária do mundo é o Santo Padre. Poderá pedir assessoramento, convocar reuniões, consultar peritos... Mas na hora de tomar uma decisão importante, DIANTE DE DEUS e da HISTORIA,"está sozinho".    

     Qualquer um de nós, que temos diferentes graus de obrigatoriedade diante  de grupos de pessoas confiadas á nossa direção, experimenta vivamente  que o peso da responsabilidade é, sempre, o peso da solidão.
    Com essa reflexão podemos entender a " situação vital de MARIA no momento da anunciação. Maria, jovem inteligente e acostumada a refletir, mediu exatamente sua enorme responsabilidade. Diante dela levantava-se, alta como uma muralha, a responsabilidade histórica.Trilham-lhe feito uma pergunta e ela tinha que responder.

     Conforme sua resposta, desequilibrar-se-ia a normalidade de sua vida, ela o sabe. Se a jovem responde que não, sua vida transcorrerá tranquilamente, seus filhos crescerão, virão os netos, e sua vida acabará normalmente, no  perímetro das montanhas de Nazaré.

          Mas se a resposta for afirmativa, acarretará serias implicações, desencadeando um verdadeiro caos sobre a normalidade de uma existência ordenada e tranquila. Ter um filho antes de casar-se implica no libelo de divorcio por parte de José, no apedrejamento por adultério, em ser socialmente marginalizada com a palavra mais ofensiva para a mulher daquele tempo- harufá- a violada.

      Além das considerações humanas e sociais, ser a mãe do Messias implicava, ela o sabia, entrar no circulo de uma tempestade:  ser bandeira de condenação, ter um que fugir para o Egito, a perseguição, o deserto do calvário, caminhos de Sangue e dias de lágrimas.

                                                                 


                                                          

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