domingo, 4 de novembro de 2012

SANTAS E SANTOS

Evangelho (Mateus 5,1-12)
5 1 Vendo aquelas multidões, Jesus subiu à montanha. Sentou-se e seus discípulos aproximaram-se dele.
2 Então abriu a boca e lhes ensinava, dizendo:
3 “Bem-aventurados os que têm um coração de pobre, porque deles é o Reino dos céus!
4 Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados!
5 Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra!
6 Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados!
7 Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia!
8 Bem-aventurados os puros de coração, porque verão Deus!
9 Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus!
10 Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos céus!
11 Bem-aventurados sereis quando vos caluniarem, quando vos perseguirem e disserem falsamente todo o mal contra vós por causa de mim.
12 Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus, pois assim perseguiram os profetas que vieram antes de vós”.

Palavra da Salvação. 
Assim perseguiram os profetas…
Escrevo estas linhas ainda sob o impacto do assassinato de Irmão Roger Schütz, fundador da Comunidade de Taizé. Um bem-aventurado? Sim. Pobre e puro de coração? Sim. Manso e pacificador? Sim. Misericordioso? Sem dúvida. Dedicou toda a sua vida a tecer pontes entre as Igrejas, semeando a paz e a concórdia. No entanto, para que fosse ainda mais visível a sua “bem-aventurança”, acabou assassinado por uma mulher desequilibrada, em plena reunião de oração.
Nesta conhecida passagem do “Sermão da Montanha”, que emocionava o próprio Mahatma Gandhi, Jesus não ilude o grupo de seus seguidores: “Foi assim que perseguiram os profetas antes de vós.” Ou seja, vocês também serão perseguidos. E, quando o forem, aí mesmo é que sereis verdadeiramente bem-aventurados!
Naturalmente, a “receita de felicidade” passada pelo Mestre pode decepcionar bastante aqueles que pensavam aproximar-se de Deus para resolver todos os seus problemas particulares. Com Deus, teríamos simultaneamente cura física, sossego e dinheiro no bolso. Tanto é assim que algumas igrejas fazem seu marketing a partir de frases do tipo: “Pare de sofrer!”
Entre os ingredientes amargos, a pobreza e as lágrimas, não-violência e misericórdia, fome e sede, injúria e perseguição. Sim, mas não em consequência de nossos erros e imprudências, mas “por minha causa” – diz Jesus. A bem-aventurança cristã é inseparável do compromisso com o Evangelho de Jesus. Brota do choque frontal entre a mensagem da Boa Nova e os projetos neopagãos.
Na verdade, a felicidade consiste exclusivamente no próprio Senhor, na vida em comunhão com ele. Se os mártires caminhavam para o cepo entoando alegremente hinos de louvor, é que ali mesmo tomavam posse da felicidade-em-Deus. Sabiam que faziam um bom negócio em dar a vida que passa pela vida que não passa.
Se ainda julgamos que o homem feliz é aquele que tem “muito dinheiro no bolso / saúde pra dar e vender” – como na valsinha natalina, acabaremos discordando de Jesus Cristo. Se, ao contrário, queremos viver como filhos de Deus (Mt 5,9), entenderemos o convite à alegria…
Sou um bem-aventurado?
Orai sem cessar: “Feliz o homem que tem seu refúgio no Senhor!” (Sl 34,9)

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