terça-feira, 26 de junho de 2012

AS PERSEGUIÇÕES RELIGIOSAS



Perseguições religiosas em nosso século

Se alguém afirmasse que as atuais campanhas pelos direitos humanos podem desembocar numa violenta perseguição aos que defendem os princípios da Cristandade, muitos ingênuos julgariam isso impossível, mera lucubração de mentes doentias. Então, vamos aos fatos:

1 — Em nome dos “direitos da mulher ao próprio corpo”, ou dos “direitos à saúde pública”, força-se ou incentiva-se por toda a parte a aprovação de leis de aborto, que matam os inocentes no próprio seio de suas mães. E procuram, em seguida, obrigar enfermeiras e médicos católicos a agir contra sua consciência, sob pena de lançá-los na miséria e talvez na cadeia.

2 — Para garantir o “direito de não sofrer”, condenam-se velhos e doentes à morte pela eutanásia, obrigando terceiros a “ajudá-los”.

3 — Em nome dos “direitos das minorias”, vão sendo espoliados legítimos proprietários para beneficiar falsos sem-terra, sem-teto, índios e quilombolas.

4 — Os “direitos humanos” vão dando guarida a todas as aberrações sexuais.

Ao mesmo tempo se obriga os católicos, nas fábricas, nos escritórios, muitas vezes em seus próprios lares, a conviver com indivíduos que ostensivamente as praticam, sob pena de processos e perseguições sem fim. Impedindo-os até de tomarem posição contrária à prática do homossexualismo, sob pena de serem condenados por discriminação sexual. Até inventaram um apelido depreciativo — homofóbico — para qualificar quem não concorda com a prática  homossexual.



5 — Os pais são obrigados por lei a colocar os filhos em escolas que lhes ensinam toda espécie de perversões, com o pretexto de “educação sexual”.


6 — Sob acusação de “fundamentalismo”, e alegando “direito à liberdade religiosa”, sustentada por um ecumenismo sincretista, vai sendo impedida a proclamação ufana da verdade católica, bem como a expressão de sua incompatibilidade com o mal e com o erro, nos lugares mesmo onde essa verdade há pouco reinava.

Tudo isso é indício, por vezes, do começo da tempestade que está se armando contra os católicos fiéis.

Vejamos, em concreto, alguns exemplos atuais de perseguição religiosa.

A organização Renew America publicou em 13 de janeiro de 2010, no seu site, uma reportagem intitulada “O silencioso holocausto de mártires cristãos — uma advertência do que está por vir?”. Seguem alguns trechos:

“Está havendo um holocausto silencioso de mártires cristãos em todo o mundo.

Enquanto se relatam, por vezes, fatos individuais de assassinato e mutilação, o padrão geral de violência é ignorado pela mídia, pelas Nações Unidas e pela maioria dos governos nacionais. Os autores das atrocidades pertencem essencialmente a dois grupos: os governos islâmicos fundamentalistas e os controlados pelos comunistas.

“Queima de várias igrejas na Malásia; mortes de cristãos coptas a tiros, após a missa da meia-noite, quando saíam das igrejas; batidas policiais na Arábia Saudita, contra os grupos de oração privada. Todos os ataques tiveram o mesmo resultado: morte e destruição.

“Na Arábia Saudita, nenhuma igreja cristã é permitida. A polícia religiosa do país está sempre em estado de alerta em relação às atividades não-muçulmanas, incluindo grupos privados de oração, leituras da Bíblia.

“No Egito, assassinato de sete cristãos coptas e uma tentativa de matar o bispo copta da área; estupros, sequestros, conversões forçadas ao Islamismo.

“Perseguição de muçulmanos a cristãos estão documentadas na Nigéria e na Indonésia. Ataques implacáveis contra cristãos levaram 400.000 a 500.000 cristãos iraquianos a fugir do país, e muitos dos restantes são refugiados internos, cidadãos deslocados em sua própria nação, com medo de retornar às suas casas.

“Politicamente inspirada, a opressão dos cristãos continua como uma característica constante do mundo comunista, apesar das ‘reformas’.

“Os líderes comunistas do Vietnã deram ordem a cerca de 1.000 policiais para destruírem um grande e centenário crucifixo num cemitério.

Alguns fiéis protestaram e foram agredidos. Dois deles foram levados para um hospital, onde lhes foi negado tratamento. O pároco e os membros da congregação paroquial tomaram as vítimas com ferimentos graves e as levaram para outro hospital.

“No vizinho Laos, funcionários do governo comunista acusam o Cristianismo de ser uma ‘religião estrangeira que deve ser abominada’; e ameaçaram grupos de cristãos com a morte, caso persistam em suas crenças.

“Na China, a Igreja Católica não oficial, que não aderiu ao comunismo, vive sob constante ameaça de ataques. Paroquianos, sacerdotes e bispos convivem com a possibilidade — e por vezes com a realidade assustadora — de serem detidos, sujeitos a interrogatórios prolongados e prisão. 

Membros de igrejas protestantes enfrentam destino semelhante.

China , Fuzhou, iglesia católica leal a Roma demolida pelos comunistas 

“Na neomarxista Venezuela, o virtual ditador Hugo Chávez acusou a Igreja Católica de ser um ‘tumor’ na sociedade venezuelana. Em Cuba e na Nicarágua, a tensão persiste entre a Igreja e o Estado comunista.


“Bispos católicos estão enfrentando lutas semelhantes no Equador e na Bolívia, onde clones de Chávez tentam substituir a fé cristã pela doutrina do Partido Comunista, ou então miná-la com apelos às religiões ‘tradicionais’ (pré-colombianas), cujos líderes cooperam com o governo marxista”.29


Outros exemplos:

Vietnã — Uma família cristã inteira foi obrigada a fugir para a floresta, no dia 19 de março de 2010. Após diversos abusos dos aldeões e de oficiais vietnamitas, o cristão Hmong Sung Cua Po recebeu uma ordem de expulsão que o obrigou a abandonar sua casa e levar sua família para o meio do mato.

Sung Po afirma que até mesmo a polícia o ameaçou dizendo que se ele não renunciasse sua fé, policiais iriam agredi-lo até que somente sua língua estivesse intacta.

No dia 20 de fevereiro, a polícia do distrito de Nam Son foi autorizada pelas autoridades a demolirem a casa de Po, se fosse necessário. Isso, porque Po se recusou a continuar adorando seus ancestrais. No dia seguinte, membros da comunidade confiscaram 40 sacas de arroz, a reserva que a família tinha para o ano inteiro. Os moradores também levaram todos os utensílios de cozinha da família e logo após destruíram sua casa.

Índia — Em julho de 2008, uma terrível perseguição aos cristãos irrompeu no estado indiano de Orissa [Baia de Bengala, parte oriental da Índia)]. Uma freira de 22 anos de idade foi queimada até a morte quando multidões enfurecidas incendiaram um orfanato em Khuntpali, vila no distrito de Barhgarh. Outra freira foi estuprada por um grupo em Kandhamal, multidões atacaram igrejas, queimaram veículos, casas de cristãos foram destruídas. Como resultado final, mais de 500 cristãos mortos, e milhares de outros feridos e desabrigados, após suas casas serem reduzidas a cinzas.

Sudão — D. Cesare Mazzolari, Bispo de Rumbek, diocese localizada no martirizado sul do Sudão, forneceu informações atualizadas sobre os católicos da zona, em entrevista ao diário “Il Giornale” de Milão. A situação é tão grave que, para ele, “está se aproximando o momento do martírio. Espero que o Senhor nos dê a graça de enfrentar este derramamento de sangue. [...] 

Muitos cristãos serão mortos por causa da sua fé. Mas do sangue dos mártires vai nascer uma nova cristandade”.

Mons. Mazzolari conheceu, por exemplo, Joseph Santino Garang, jovem cristão escravo de um patrão muçulmano, que foi crucificado num domingo porque se deteve para rezar. “O patrão cravou nele pregos nas mãos, nos pés e nos joelhos, e jogou ácido nas feridas. Agora ele ficou irremediavelmente estropiado”, narrou o bispo. E acrescentou: “Pelo menos três milhões de sudaneses do sul foram transferidos ao norte, empurrados pela fome”.

D. Cesare ainda informou: “Minhas missões estão cheias de ex-escravos.

Nos anos 90, resgatei pessoalmente 150, pagando por eles menos do que por um cão de pedigree: 50 dólares pelas mulheres e 100 pelos homens. Eles os utilizam como pastores ou os colocam no serviço de famílias árabes ricas de Cartum. Obrigam-nos a frequentar as escolas corânicas”.

Rússia — Edward Mackiewicz, padre da paróquia de Rostov-Don, no Sul da Rússia, vinha de automóvel de Varsóvia quando foi interpelado na fronteira da Bielorrússia e retido durante várias horas.


Na neomarxista Venezuela, o virtual ditador Hugo Chávez acusou a Igreja Católica de ser um ‘tumor’ na sociedade venezuelana Renato Araújo/ABr

Um comandante da polícia fronteiriça declarou que “a sua igreja está encerrada, a sua paróquia suprimida e, por isso, já não há necessidade de um padre em Rostov-Don”, segundo a mesma fonte. O seu visto de permanência, válido até dezembro, foi anulado.

A igreja que Mackiewicz conseguiu construir nessa cidade foi alvo de um grupo que disparou contra as suas janelas, aparentemente com uma arma de ar comprimido. No mesmo dia, um outro padre católico de nacionalidade polaca, Jaroslaw Wisniewski, foi expulso para o Japão, de onde havia chegado, antes de ser interpelado no aeroporto de Khabarovsk. As autoridades russas não explicaram as expulsões, segundo a agência Itar-Tass.

O Vaticano protestou contra a expulsão do padre Wisniewski, denunciando uma “verdadeira perseguição”.

China — O bispo Matthias Du Jiang de Bameng, na Mongólia, foi preso porque se opôs à ordem de funcionários do governo para concelebrar a liturgia eucarística com Dom Joseph Ma Yinglin, que foi excomungado em 2006, quando participou de uma cerimônia de ordenação episcopal sem o consentimento do Vaticano.

Estados Unidos — Rolf Szabo, havia 23 anos, era funcionário dedicado da conhecida firma de produtos fotográficos Kodak. Foi despedido por não querer celebrar o chamado “dia do homossexual” na empresa.


Milhares de empregados da Kodak, em Rochester (EUA), receberam um convite do supervisor da fábrica para celebrar o mencionado dia. O veterano empregado respondeu com uma nota gentil mas incisiva: “Por favor, não me enviem este tipo de informação nunca mais, porque a considero de mau gosto e ofensiva. Obrigado. Rolf Szabo”. Cópia da resposta foi enviada a todos os  destinatários do convite original. Szabo recebeu da parte do supervisor uma ameaça: ou assinava um compromisso oficial e formal pedindo desculpas, e garantindo que nunca mais voltaria a fazer algo dessa natureza, ou deveria considerar finalizado seu contrato de trabalho. Rolf Szabo, com dignidade cristã, optou pelo segundo.


15. As modificações feitas pelo decreto de 12-5-2010. Como já acima adiantamos (item 1), as modificações feitas são apenas pontuais e não alteram a essência e o espírito do PNDH-3.

Passemos a examinar o que foi alterado.

1. Foi revogado o item que visava “impedir a ostentação de símbolos religiosos em estabelecimentos públicos da União”. A revogação é saudável, mas periférica dentro do conjunto anticristão que constitui o PNDH-3. Também foi revogado o dispositivo que tinha em vista criar “um ranking nacional de veículos de comunicação” que violassem os direitos humanos. O tal ranking é algo acessório. Com ele ou sem ele, pouco muda se houver uma lei que obrigue a  mídia a seguir os tais “direitos humanos”, como se propugna em outro item.

2. O apoio à descriminalização do aborto, tendo em vista “a autonomia das mulheres para decidir sobre seus corpos”, foi substituído, passando o aborto a ser considerado “tema de saúde pública, com a garantia do acesso aos serviços de saúde”. De fato, nada muda, pois a mulher que se apresente no posto de saúde, querendo abortar, deve ser atendida em nome da “saúde pública”. Nesse sentido, depoimento insuspeito é o de D. Dimas Lara, secretário-geral da CNBB. Embora contrário ao aborto, ele tem manifestado simpatias pelo conjunto do PNDH-3.

D. Dimas declarou: “O aborto não foi excluído de maneira incisiva.

Quando diz que é problema de saúde pública, o que isso quer dizer? [...]

Se for apenas outra forma de justificar o aborto, nada muda”.

3. Foi substituída “a utilização da mediação como ato inicial das demandas de conflitos agrários e urbanos, priorizando a realização de audiência coletiva com os envolvidos, [...] como medida preliminar à avaliação da concessão de medidas liminares”.

O novo texto mantém “a utilização da mediação” e passa a priorizar “a oitiva do INCRA” e outros nessa mediação. Apenas não diz que ela deva ser o
“ato inicial das demandas” nem “medida preliminar” à concessão de liminares. Quando, pois, deve ser realizada essa “mediação”? Nada impede, pelo texto, que seja exigida logo que houver a invasão da propriedade, mesmo antes de o proprietário-vítima ter tempo de pedir a reintegração. Ademais, para que essa mediação? Não é competente o Poder Judiciário para resolver o impasse? Nesse sentido, a senadora Kátia Abreu, presidente da Confederação Nacional da Agricultura, “classificou as mudanças feitas no capítulo que trata da violência no campo como ‘uma maquiagem’. O texto acabou com a audiência coletiva que estava prevista antes de uma decisão judicial sobre reintegração de posse de terras invadidas.


‘Não muda nada. Saiu a audiência e entrou a mediação. Não tem que ter intermediário em decisão judicial. Não se pode abrir mão do direito de propriedade e do direito de segurança pública’, disse Kátia. Mediação vai obrigar o produtor rural a negociar com aqueles que ‘criminosamente invadem sua propriedade. É um desvirtuamento, um novo delírio do governo. Os produtores invadidos não podem negociar o indisponível. O texto reescrito por Paulo Vannuchi continua sendo, portanto, um amontoado de sandices’, afirmou Kátia Abreu”.


4. No item que propõe um “marco legal estabelecendo o respeito aos Direitos Humanos nos serviços de radiodifusão”, foi retirada a parte final em que se ameaçava os órgãos da mídia com penalidades administrativas, multas, cassação de acordos, etc. Ou seja, saíram as ameaças e ficou o “marco legal”.

Se vier a ser aprovado esse “marco legal”, as penalidades poderão ser aplicadas independentemente das ameaças antes formuladas. Houve alguma mudança?

5. O item que determinava “sinalizar locais públicos que serviram à repressão ditatorial”, e onde foram ocultados corpos de perseguidos políticos, mudou para “tornar públicos as estruturas, os locais, as instituições e as circunstâncias relacionados à prática de violações de direitos humanos” e promover “a localização e identificação de corpos e restos mortais de desaparecidos políticos”. Não se fala mais em “repressão ditatorial” nem em “perseguidos políticos”.

A virulência verbal do texto fica assim excluída.

Mas, na realidade, se um governo esquerdista quiser interpretar o novo texto na linha do anterior, encontra nele todo o necessário para fazê-lo.

6. O PNDH-3 visava, na educação básica e superior, “desenvolver programas e ações educativas, inclusive a produção de material didático-pedagógico sobre o regime de 1964-1985 e sobre a resistência popular à repressão”.


Na nova redação, o objeto dos tais “programas e ações educativas” — que eram o “regime de 1964-1985” e a “resistência popular à repressão” — passou a ser “graves violações dos direitos humanos” ocorridas no período de 18-9-1946 até a data de promulgação da Constituição.

Assim, ampliou-se o período abrangido e tornou- se genérico o objeto que antes era específico.

Nada impede que uma comissão, adrede constituída pela esquerda para desenvolver esses programas, utilize o caráter genérico da nova redação para direcionar suas ações contra quem considerar especialmente suspeito de violações.

7. Mudou o item que propunha uma lei para alterar, nos logradouros e prédios públicos, os “nomes de pessoas que praticaram crimes de lesa-humanidade”.

Agora não se fala mais em “lei”, mas sim em “fomentar debates e divulgar informações” no sentido de que esses logradouros e prédios “não recebam nomes de pessoas identificadas reconhecidamente como torturadores”.

Aqui a alteração foi mais significativa, pois também não pede mais a substituição dos nomes dados no passado, mas apenas os que venham a ser propostos no futuro. Mas seu alcance é apenas simbólico.

8. Quanto ao item que determinava “acompanhar e monitorar a tramitação judicial dos processos de responsabilização civil ou criminal sobre casos que envolvam atos relativos ao regime de 1964-1985”, a nova redação não inclui mais os processos criminais, mantendo apenas os civis. Também não se refere mais a “atos relativos ao regime de 1964-1985”, mas sim a “violações dos direitos humanos” praticadas no período de 18-9-1946 até a data de promulgação da Constituição.

Mais uma vez, é tornar genérico o que antes era específico.

* * *

A luta continua. As modificações havidas, ainda que mínimas, devem-se a uma sadia reação de numerosos setores da opinião pública brasileira, temerosos e insatisfeitos com os rumos tenebrosos para os quais pretende conduzir-nos o PNDH-3. Entre os que lutaram contra essas ameaças, temos a grata satisfação de incluir este ite do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, que lançou pela Internet a presente campanha de grande repercussão. Segundo o ministro Paulo Vannuchi, “tivemos de mudar o PNDH por conta da discussão entre o Brasil das tradições e aquele das novas idéias, entre o velho e o novo”.38 Viva, pois, o Brasil das tradições, pois o monstro representado pelo PNDH-3 deitou um pouco de sangue! Continuemos a luta, para que ele recue definitivamente.

16. O dever do católico face à ofensiva anticristã 
feita em nome dos Direitos Humanos

PNDH-3. Quer pela radicalidade de seus princípios revolucionários, quer pela universalidade dos campos de atividade humana que abrange, se colocado em prática irá muito além das perseguições religiosas que houve no passado. O que seus autores pretendem é pura e simplesmente arrancar todo e qualquer vestígio de influência católica no Brasil. Se pudessem arrancariam até a imagem do Cristo no Corcovado e o Cruzeiro do Sul no alto do céu.

Se os católicos não reagirem contra o PNDH-3, antes que ele seja aplicado, vão ficar como os mozárabes durante a dominação moura na Espanha, ou seja, serão cidadãos de segunda classe, discriminados, perseguidos, humilhados e a
todo momento postos na contingência de serem obrigados a agir contra sua consciência ou submeter-se a pesadas penalidades. Não poderão negar-se a colaborar com o aborto, a receber em sua casa “casais” homossexuais, a “ajudar” a matança de velhos e doentes, a coonestar as invasões de propriedade, a distribuir seus bens aos moradores de rua, a ceder um quarto de sua casa para um viciado em drogas e alugar um outro para que uma prostituta ali exerça sua “profissão”, a colocar seus filhos nas escolas onde se ensinem todas essas abominações sob rótulo de “direitos humanos”, etc.

A rejeição imediata do PNDH-3 se impõe, ou estaremos caminhando para O que os autores do PNDH-3 pretendem é pura e simplesmente arrancar todo e qualquer vestígio  de influência católica no Brasil. Se pudessem arrancariam até a imagem do Cristo no Corcovado e o Cruzeiro do Sul no alto do céu.


Um novo conflito religioso como o que ocorreu no fim do Império no Brasil, ao insurgir-se o governo contra a Igreja, na pessoa de D. Frei Vital Maria Gonçalves de Oliveira, bispo de Olinda, pelo fato do Prelado combater o maçonismo das confrarias religiosas em sua diocese. Só que agora as conseqüências poderiam ser ainda mais terríveis, pois o PNDH-3 não se limita a uma diocese, mas abrange toda a extensão do território brasileiro e trará graves problemas de consciência não apenas para os membros da Hierarquia eclesiástica, mas para cada católico individualmente nos múltiplos aspectos de sua vida quotidiana.

Esta campanha que desenvolvemos contra a escalada da perseguição religiosa no Brasil visa a alertar os católicos para esse perigo, começando por denunciar o PNDH-3 nos diferentes níveis em que ele se apresenta, mas sobretudo em seu conjunto, nas conseqüências que dele decorrem e no espírito que o anima.

Ela conclama os católicos e os líderes do País a resistir à dita ofensiva e a rejeitar essa concepção atéia dos direitos humanos — mesmo quando apresentada eufemisticamente como laica — que os anticristãos pretendem impor ao País. O dever primeiro e fundamental da autoridade pública é reprimir os crimes e o mal e não elevá-los à condição de “direitos humanos”. Mais ainda. O PNDH-3 foi idealizado, a seu modo, segundo uma concepção religiosa da vida.

Trata-se de uma religião laica em que o homem usurpou o lugar de Deus, mas não um homem qualquer e sim o homem entregue a todas as suas paixões e vícios. Por isso, qualquer resistência só será eficaz se partir, também ela, de uma perspectiva explicitamente religiosa, em nome da Lei de Deus, da Lei natural e dos imperativos da justiça que obrigam a dar a cada qual o que é seu.

Somos simples leigos católicos, cuja razão de ser de suas vidas é o amor entranhado à Santa Igreja e seu serviço. Por isso, não nos cabe dar sugestões aos pastores do rebanho de como agir ante a terrível perspectiva aberta pelo PNDH-3. A responsabilidade deles é grave. Quando esses pastores virem que os católicos são instados pelas autoridades civis a dobrar-se ante a doutrina e a prática inaceitáveis desse Programa, eles saberão como aplicar a norma incontornável dada pelo Apóstolo São Pedro: “Importa obedecer antes a Deus do que aos homens” (Atos 5,29).

Mas nós, enquanto católicos leigos, usando da liberdade de ação que nos é concedida pelo Direito Canônico — e, ao menos por enquanto, também pelo Direito Civil — não podemos e não queremos dobrar os joelhos diante desse novo ídolo de nossas sociedades falsamente democráticas: o homem divinizado que se atribui o poder de fixar a seu capricho os direitos que quer gozar nesta quadra histórica, mesmo quando tais “direitos” se afastam dos Mandamentos da Lei de Deus e a eles até se opõem.

Que condições temos de entrar nessa luta contra adversário tão poderoso?— perguntará alguém.

Primeiramente, se os católicos brasileiros verdadeiramente se unirem e se empenharem, sem covardia nem moleza, não há vitória que eles não possam alcançar em favor do bem e da verdade. A respeito desta afirmação, é oportuno lembrar que “os céticos poderão sorrir. Mas o sorriso dos céticos jamais conseguiu deter a marcha vitoriosa dos que têm Fé ”.39 Mas sobretudo há uma outra razão. Nossa força nos vem da graça de Deus e nossa confiança está posta na intercessão de Nossa Senhora, de quem a Igreja faz este tão belo elogio: Gaude Maria Virgo, cunctas haereses sola interemisti in.


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