quinta-feira, 18 de outubro de 2012

STO. INÁCIO DE ANTIOQUIA


As cartas de Santo Inácio de Antioquia 

Muitos são os subsídios para se estudar a organização e a estrutura da Igreja Católica a partir dos seus primeiros cristãos. Alguns escritos se perderam, outros foram considerados heréticos por conter narrativas fantasiosas ou que não se apresentam de acordo com o que foi propagado pelo magistério da Igreja devido a contaminação de ideias heréticas e, por fim, outros foram mantidos até os dias atuais, conservados pelos bispos, presbíteros e diáconos desde então. Apresentaremos aqui como um dos mais importantes documentos dos primeiros Padres, as conhecidas cartas de Santo Inácio de Antioquia.

Inácio, bispo de Antioquia e mártir, segundo a tradição, teria sido discípulo de são João evangelista e teria vivido entre os anos de 33 – 120 a.C aproximadamente (contudo, não há uma precisão nesta data).

Mas não iremos nos ater neste momento à sua vida, mas sim aquilo que ele deixou registrado, as cartas atribuídas a sua autoria. Tratam-se de registros importantíssimos datados na era sub apostólica, período em que já não haviam mais nenhum daqueles doze que Jesus havia escolhido, onde a Igreja vinha sofrendo grandes perseguições por parte do império romano, além do início da contaminação de movimentos heréticos, como o gnosticismo, assim, havia uma grande necessidade por parte dos seus pastores, ou seja, dos bispos sucessores dos apóstolos, de orientar na fé e nos ensinamentos de Jesus Cristo suas ovelhas que vinham sendo constantemente perseguidas. Além disso, havia ainda outra grande necessidade de orientação à Igreja sobre as heresias que começavam a se propagar entre os cristãos. Coube, portanto, principalmente aqueles que foram discípulos dos apóstolos a ensinar, defender e guiar o povo.

É dentro deste cenário que as cartas escritas por santo Inácio de Antioquia surgem como instrumentos enviados por nosso Senhor, para guiar a Igreja primitiva e também para que nos dias de hoje possamos entender como a Igreja se organizou e se manteve até hoje fiel a esta organização e, de fato, não se criou posteriormente a Igreja Católica, mas sim, que a Igreja nasceu Católica.


Os mencionados textos são escritos numa época fundamental aproximadamente a partir do ano de 106 d.C e decisiva para a Igreja. Santo Inácio as escreve após sua prisão que algum tempo depois o levará ao dom do martírio, no caminho a Roma, o Bispo de Antioquia escreve a algumas Igrejas (dioceses) algumas orientações a respeito da conservação da verdadeira Fé.


Vejamos, Jesus já havia se revelado como Salvador e Redentor da humanidade, os apóstolos já haviam anunciado aquilo que haviam visto, ensinaram e organizaram a Igreja nas primeiras comunidade e os três grandes líderes Igreja apostólica, Pedro, Paulo e Tiago, já haviam sofrido o martírio. É a partir deste cenário que se encontra uma Igreja que precisa firmar-se contra as heresias que já permeavam, de modo particular o gnosticismo, e manter-se forte nas perseguições sofria. 


Santo Inácio, em seu pastoreio, demonstra os principais alicerces que darão sustento ao rebanho de Cristo: Comunhão e Unidade na Igreja, submissão aos bispos, união a hierarquia da Igreja (bispos, presbíteros e diáconos), a Revelação de Cristo verdadeiro Deus e verdadeiro Homem e a fuga das heresias.


A Unidade da Igreja, dentre os mencionados, é o tema central das cartas e de certa forma este tema está impregnado aos demais, trata-se de uma união na Fé e no Amor e na união com Jesus Cristo e o Pai. A Unidade a partir do Bispo é de suma importância para a compreensão de uma unidade da Igreja. O bispo é aquele conduz e edifica a Igreja de Deus e, principalmente, aquele que representa o próprio Senhor, assim sendo a comunhão com o bispo é legitimamente a comunhão com Deus e, por conseguinte aquele que não está em comunhão com o bispo também não está em comunhão com Deus. Ele chega a utilizar a comparação: “Assim como Jesus não fez nada sem o Pai, com o qual ele é um, também vós não façais nada sem o bispo e os presbíteros”.


A hierarquia da Igreja entra nesse mesmo contexto, na cara aos Magnésios, por exemplo, Inácio faz uma profunda exortação para que a comunidade também seja submissa aos diáconos, que estes sejam submissos aos presbíteros e, por fim, estes sejam ao bispo. A observância hierárquica é pleno sinal de união com Deus, uma vez que isto é respeitado, esta comunidade está em respeito a Deus.


Outra grande preocupação de Inácio foi dar esclarecimentos sobre a verdadeira fé e sobre a pessoa de Jesus Cristo. Esta preocupação provém das primeiras heresias que começam a penetrar o pensamento e a fé cristã como, por exemplo, o docetismo. Com relação aos cuidados e a postura que as comunidades deveriam ter diante do paganismo e das heresias ele exorta: “Convém para vós manter-se distantes dessas pessoas e não falar com elas, seja em particular, seja em público, e seguir os profetas, especialmente o Evangelho, onde a paixão é mostrada e a ressurreição realizada.” 


Inácio procura estabelecer os princípios da fé Cristã e da Igreja católica, aliás é na carta aos Esmirnotas que se encontra o registro mais antigo da expressão “Igreja Católica” o que mostra que faz cair por terra certas teorias a respeito do nome “Igreja Católica”, tenha surgido num período muito distante a este.


Ainda com relação a fé cristã, outros dois grandes focos de santo Inácio foram os Sacramentos, como um desta na fé na presença real de Jesus Cristo na Eucaristia e na verdadeira humanidade e verdadeira divindade de Jesus . Já na Igreja Primitiva, o paganismo e as seitas heréticas renegavam a presença real de Jesus Cristo na Eucaristia, mas Inácio faz questão de afirmar que estes erros só ocorrem porque “não professam que a eucaristia é a carne de nosso Salvador Jesus Cristo”, a eucaristia e a oração são os dois alicerces da espiritualidade do cristão para que ele não caia em falsas doutrinas. Ainda sobre a verdadeira fé em Cristo, outro aspecto que foi preocupação foi a verdadeira humanidade e verdadeira divindade de Jesus. A vida humana de Jesus é enfatizada, os fatos na história humana de Jesus como a descendência de Davi, a encarnação, o batismo e seu verdadeiro sofrimento na crucificação são explicados taxativamente por Inácio, bem sua ressurreição dentre os mortos, ressurreição esta em seu corpo glorioso no encontro com os apóstolos.


Os textos escritos por santo Inácio de Antioquia, embora definitivamente não sejam os únicos, são de grande importância para a compreensão da Igreja Católica desde os tempos primitivos. Através deles, podemos ver como a estrutura do catolicismo e a fé manifesta principalmente no Catecismo da Igreja Católica estão embasados numa fidelidade em primeiro lugar a Jesus Cristo, mas também aos apóstolos e aos primeiros cristãos. Vale à pena dedicar-se algum tempo a esses escritos para entendermos melhor a fé que da Igreja recebemos e sinceramente professamos razão de nossa Alegria em Jesus Cristo nosso Senhor. 


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