quarta-feira, 31 de outubro de 2012

A FÉ, ATO PESSOAL

A fé é um ato pessoal e comunitário ao mesmo tempo - Papa na catequese semanal desta quarta-feira na Praça de São Pedro


2012-10-31 Rádio Vaticana
 

Não obstante o frio que já se faz sentir na capital italiana e as ameaças de chuva, numeroso peregrinos encheram a Praça de São Pedro, onde teve lugar, nesta quarta-feira, 31 de Outubro, a audiência semanal do Santo Padre com fieis e peregrinos provenientes de várias partes do mundo.  

Recordou, antes de mais, que a fé é um dom de Deus que nos é transmitido através da comunidade crente, isto é a Igreja. Esta insere-nos na multidão dos crentes, uma comunhão que não é apenas sociológica, mas radicada no amor de Deus. A nossa fé, disse, é realmente pessoal só se for comunitária, porque se, por um lado, dizemos creio (na primeira pessoa), por outro é na comunidade eclesial que a dizemos. A Igreja é, portanto, o lugar de transmissão da fé, o lugar em que, através do batismo somos imergidos no Mistério Pascal da Morte e Ressurreição de Cristo, que nos liberta da prisão do pecado, nos doa a liberdade de filhos, e nos introduz na comunhão com Deus vir a Igreja como Mãe. A fé nasce na Igreja, conduz à Igreja e vive nela. É importante recordar isto – disse Bento XVI, que resumiu, como habitualmente, a sua catequese em várias línguas, entre as quais o português. Ouçamos…

Queridos irmãos e irmãs,

A fé, dom de Deus que transforma a nossa existência, não é uma realidade de caráter exclusivamente individual. O meu crer, a minha fé, não é o resultado de uma reflexão pessoal, mas o fruto de um diálogo com Jesus que se dá na comunidade de fé que é a Igreja. De fato, desde o dia de Pentecostes, quando o Espírito Santo desceu sobre os Apóstolos, a Igreja não cessa de cumprir a sua missão de levar o Evangelho a todos os cantos da terra. A Igreja é o espaço da fé: o espaço no qual, pelo batismo, nos inserimos no Mistério Pascal de Cristo, entrando em comunhão com a Santíssima Trindade. Por isso, precisamos da Igreja para ter a garantia que a nossa fé corresponde à mensagem originária de Cristo, pregada pelos Apóstolos; precisamos da Igreja para poder fazer uma experiência dos dons de Deus: da sua Palavra, dos Sacramentos, da ação da Graça e do seu Amor. Quando o nosso “eu” entra no “nós” da Igreja, então fazemos a experiência do comunhão com Deus, que funda a comunhão entre os homens.



SANTO AFONSO RODRIGUES

                                           
A Companhia de Jesus gerou padres e missionários santos que deixaram a assinatura dos jesuítas na história da evangelização e na história da humanidade. Figuras ilustres que se destacaram pela relevância de suas obras sociais cristãs em favor das minorias pobres e marginalizadas, cujas contribuições ainda florescem no mundo todo.

Entretanto de suas fileiras saíram também santos humildes e simples, que pela vida entregue a Deus e servindo exclusivamente ao próximo, mostraram o caminho de felicidade espiritual aos devotos e discípulos. Valorosos personagens quase ocultos, que formam gerações e gerações de cristãos e, assim, sedimentam a sua obra no seio das famílias leigas e religiosas.

Um dos mais significativos desses exemplos é o irmão leigo Afonso Rodrigues, natural de Segóvia, Espanha. Nascido em 25 de julho de 1532, pertencia a uma família pobre e profundamente cristã. Após viver uma sucessão de fatalidades pessoais, Afonso encontrou seu caminho na fé.

Tudo começou quando Afonso tinha dezesseis anos. Seu pai, um simples comerciante de tecidos, morreu de repente. Vendo a difícil situação de sua mãe, sozinha para sustentar os onze filhos, parou de estudar. Para manter a casa, passou a vender tecidos, aproveitando a clientela que seu pai deixara.

Em 1555, aconselhado por sua mãe, casou e teve dois filhos. Mas novamente a fatalidade fez-se presente no seu lar. Primeiro, foi a jovem esposa que adoeceu e logo morreu; em seguida, faleceram os dois filhos, um após o outro. Abatido pelas perdas, descuidou dos negócios, perdeu o pouco que tinha e, para piorar, ficou sem crédito.

Sem rumo, tentou voltar aos estudos, mas não se saiu bem nas provas e não pôde cursar a Faculdade de Valência.

Afonso entrou, então, numa profunda crise espiritual. Retirado na própria casa, rezou, meditou muito e resolveu dedicar sua vida completamente a serviço de Deus, servindo aos semelhantes. Ingressou como irmão leigo na Companhia de Jesus em 1571. E foi um noviciado de sucesso, pois foi enviado para trabalhar no colégio de formação de padres jesuítas em Palma, na ilha de Maiorca, onde encontrou a plena realização da vida e terminou seus dias.

No colégio, exerceu somente a simples e humilde função de porteiro, por quarenta e seis anos. Se materialmente não ocupava posição de destaque, espiritualmente era dos mais engrandecidos entre os irmãos. Recebera dons especiais e muitas manifestações místicas o cercavam, como visões, previsões, prodígios e cura.

E assim, apesar de porteiro, foi orientador espiritual de muitos religiosos e leigos, que buscavam sua sabedoria e conselho. Mas um se destacava. Era Pedro Claver, um dos maiores missionários da Ordem, que jamais abandonou os seus ensinamentos e também ganhou a santidade. Outro foi o missionário Jerônimo Moranto, martirizado no México, que seguiu, sempre, sua orientação.

Afonso sofreu de fortes dores físicas durante dois anos, antes de morrer em 31 de outubro de 1617, lá mesmo no colégio. Foi canonizado em 1888, pelo papa Leão XIII, junto com são Pedro Claver, seu discípulo, conhecido como o Apostolo dos Escravos. Santo Afonso Rodrigues deixou uma obra escrita resumida em três volumes, mas de grande valor teológico, onde relatou com detalhes a riqueza de sua espiritualidade mística. A sua festa litúrgica é comemorada no dia de sua morte.

terça-feira, 30 de outubro de 2012

SANTA RETISTUTA KAFKA



No dia primeiro de maio de 18Retistuta Kafka94, nasceu Helene, filha de Anton e Maria Kafka, na cidade de Brno, atual República Checa. Naquele tempo, a região chamava-se Moravia, e estava sob o governo do imperador austríaco Francisco José. Em 1896, a família Kafka transferiu-se para Viena, capital do Império Austro-Húngaro. 

Helene concluiu os estudos e formou-se enfermeira, com o desejo de tornar-se religiosa. No início, conformou-se com a negativa dos pais, mas, ao completar vinte anos, ingressou na Congregação das Franciscanas da Caridade Cristã, agora com a bênção da família. 

Como religiosa, adotou o nome de irmã Maria Retistuta, o primeiro em homenagem a sua mãe e o segundo a uma mártir do século I. 

Mas logo recebeu o apelido carinhoso de "irmã Resoluta", pelo seu modo cordial e decidido e por sua segurança e competência como enfermeira de sala cirúrgica e anestesista. No hospital de Modling, em Viena, a religiosa tornou-se uma referência para os médicos, enfermeiras e, especialmente, para os doentes, aos quais soube comunicar com lucidez o amor pela vida, na alegria e na dor. 

Foram muitos anos que serviu a Deus nos doentes, para os quais estava sempre disponível. Em março de 1938, Hitler mandou o exército ocupar a Áustria. Viena tornou-se uma das bases centrais do comando nazista alemão. Irmã Restituta colocou-se logo contrária a toda aquela loucura desumana. Não teve receio de mostrar que, sendo favorável à vida, não apoiaria, jamais, o nazismo de Hitler, fosse qual fosse o preço. 

Por isso, quando os nazistas retiravam o crucifixo também das salas de cirurgia, ela, serenamente, o recolocava no lugar, de cabeça erguida, desafiando os nazistas. Como não se submetia e muito menos se "dobrava", os nazistas a eliminaram. Foi presa em 1942. E ela fez da prisão uma espécie de lugar de graça, para honrar o nome de sua consagração, ou seja, Restituta, aquela que foi restituída para Deus. 

Irmã Resoluta esperou cinco meses na prisão para morrer. Em 30 de março de 1943, foi decapitada. Para as franciscanas, mandou uma mensagem: "Por Cristo eu vivi, por Cristo desejo morrer". E na frente dos assassinos nazistas, antes que o carrasco levantasse a mão que a mataria, irmã Restituta disse ao capelão: "Padre, faça-me na testa o sinal da cruz". 

O papa João Paulo II, em 1998, elevou irmã Maria Restituta Kafka aos altares para ser reverenciada pela Igreja como bem-aventurada. A sua festa litúrgica foi marcada para o dia 30 de outubro, data em que foi decretada a sua sentença de morte. 

FAZEMOS PARTE DA MISSÃO


O seminarista da arquidiocese de Mariana (MG) Geraldo Trindade, escreve artigo missionário com o tema “Fazemos parte da nobre missão da Igreja”. No texto, o jovem diz que missão é uma ação intrínseca à Igreja e que deve ser praticada por todo o seu corpo. “Hoje, a missão se tornou um compromisso imperativo do batismo. É a passagem de uma fé intimista para uma fé madura, capaz de dar testemunho e de ir ao encontro dos que estão à margem da sociedade e da Igreja”. 


Segundo Geraldo, devemos “re-pensar as posturas da Igreja frente aos desafios”. Ele comenta também o tema da Jornada Mundial da Juventude “Ide e fazei discípulos entre todas as nações (Mt 28, 19) que “tem um caráter eminentemente missionário” e nos convida a “despertar para este novo Kairós da Igreja”.

Num trecho do artigo, o seminarista nos motiva, enquanto Igreja, a levar o Cristo a todas as nações, conforme nos manda a Palavra de Deus. “É preciso superarmos as estruturas normais de evangelização para chegar à verdade do anúncio crístico, que se utiliza de muitas formas e maneiras para fazer-se conhecido como caminho, verdade e vida”.

O mês de outubro como mês missionário toma novas perspectivas no contexto atual. A compreensão de missão sofreu mutações, ultrapassou a visão de que era uma ação específica de sacerdotes, religiosos que se dirigiam às terras estrangeiras para anunciar o “verdadeiro Deus”. Hoje, a missão se tornou um compromisso imperativo do batismo. É a passagem de uma fé intimista para uma fé madura, capaz de dar testemunho e de ir ao encontro dos que estão à margem da sociedade e da Igreja. “Nisto reconhecerão todos que sois meus discípulos.” (Jo 13,35) 

Em muitas de nossas comunidades não se precisa partir do nada para a evangelização. Têm-se uma tradição religiosa, mas é preciso partir do novo, do evento novo: Jesus Cristo. É preciso se encantar e transmitir o encanto a partir de Jesus, Deus encarnado.

O tema da Jornada Mundial da Juventude “Ide e fazei discípulos entre todas as nações!” (cf. Mt 28,19) tem um caráter eminentemente missionário e o interessante é perceber que esta capacidade criativa missionária não está se centrando apenas no aspecto racional e reflexivo. O grande impulso está no re-pensar as posturas da Igreja frente aos desafios. Não se pode desperdiçar e anular as possibilidades de se falar de Deus em meio a um tempo que busca apagá-lo de nossas memórias e corações. É tempo de despertar para este novo kairós na Igreja! 


O grande risco que se corre é acostumarmos de ser chamado missionário. Não se pode contentarmos em ser individualista e hedonista, a somente contemplarmos seus próprios feitos, méritos e capacidades. Aos poucos, sem perceber, essa atitude vai turvando a visão ante ao outro e ante à Deus, impedindo-nos de sermos audacioso e corajoso na vivência prática do Reino de Deus.


É preciso superarmos as estruturas “normais” de evangelização para chegar à verdade do anúncio crístico, que se utiliza de muitas formas e maneiras para fazer-se conhecido como Caminho, Verdade e Vida. É preciso se espelhar em Jesus... É preciso ir aonde Ele iria... É preciso anunciar como Ele anunciaria. É preciso que sejamos também missionários dentro de nossas possibilidades, comprometendo-se com o Reino de Deus e com o nosso semelhante na alegria, na generosidade, no ardor de anunciar o Reino de Deus, que gera paz, verdade e amor. A plenitude dessa realidade não advém dos méritos de quem anuncia, mas do Espírito Santo que age, põe na boca as palavras, que predispõe almas e corações para a escuta da Boa nova. “Ide, portanto, e fazei que em todas as nações se tornem discípulos, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo e ensinando a observar tudo o que vos ordenei. E eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos!” (Mt 28, 19-20)

Iluminadoras são as palavras de Paulo VI: “ O mundo que, apesar dos inumeráveis sinais de rejeição de Deus, paradoxalmente procura entretanto por caminhos insuspeitados e que dele sente bem dolorosamente a necessidade, o mundo reclama evangelizadores que lhe falem de um Deus que eles conheçam e lhes seja familiar como se eles vissem o invisível (cf. Hb 11,27). O mundo reclama e espera de nós simplicidade de vida, espírito de oração, caridade para com todos, especialmente para com os pequeninos e os pobres, obediência e humildade, desapego de nós mesmo e renúncia. Sem esta marca de santidade, dificilmente a nossa palavra fará a sua caminhada até atingir o coração do homem dos nossos tempos; ela corre o risco de permanecer vã e infecunda.” (Evangelii Nuntiadi, 76)


Somente dessa forma, é que poderemos ser contribuidores na nobre missão da Igreja de desvelar ao mundo o encanto, o ideal e o projeto de Jesus. É preciso tornar-se caminhante na vida eclesial e assumir a nossa vocação missionária com convicção e certeza de que gastando a vida alcança-se a recompensa do Dono da Vinha, Deus.

sábado, 27 de outubro de 2012

VÁRIOS SANTOS

Santo Elesbão 


No século VI, a nação etíope situada a oeste do Mar Vermelho possuía seus maiores limites de fronteira, era um vasto reino que incluía outros povos além dos etíopes. O soberano era Elesbão, rei católico, contemporâneo do imperador romano Justiniano, muito estimado por todos os súditos e seu reino era uma fonte de propagação da fé cristã. 

O reino vizinho, formado pelos hameritas, era chefiado por Dunaan, que renegara a fé convertendo-se ao judaísmo. Na ocasião, mandou matar todos os integrantes do clero e transformou as igrejas em sinagogas, tornando-se temido e famoso por seu ódio declarado aos cristãos. 

Por isso, muitos deles, até o arcebispo Tonfar, buscaram abrigo e proteção nas terras do rei Elesbão, pois até a própria esposa de Dunaan, chamada Duna, foi morta por ele, juntamente com as filhas, por ser cristã. Os registros indicam que houve um verdadeiro massacre, no qual morreram cerca de quatro mil cristãos. 

Elesbão decidiu reagir àquela verdadeira matança imposta aos irmãos católicos e declarou guerra a Dunaan. Liderando seu povo na fé e na luta, ganhou a guerra e a vizinhança passou a ser governada pelo rei Ariato, um cristão fervoroso. 

Mas ele teve de vencer outra batalha ainda maior além dessa travada contra o inimigo, aquela contra si mesmo. Depois de um curto período de muita oração e penitência, aceitou o chamado de Deus. Abdicou do trono em favor do filho, seu sucessor natural, e dividiu seus tesouros entre os súditos pobres. Assim, Elesbão partiu para Jerusalém, onde depositou sua coroa real na igreja do Santo Sepulcro, e retirou-se para o deserto, vivendo como monge anacoreta até morrer em 555. 

No Brasil, a partir dos escravos, foi muito difundida a devoção de santo Elesbão, o rei negro da Etiópia. Sua festa é celebrada em todo o mundo cristão, do Ocidente e do Oriente, no dia 27 de outubro, considerado o dia de sua morte.


São Frumêncio 


Desde a adolescência Frumêncio teve sua vida marcada por acontecimentos surpreendentes que o levaram a uma região exótica e distante, a Etiópia, no coração da África, da qual se tornou o primeiro bispo. Antes disso, porém, foi discípulo de filósofo, e um escravo muito especial. 

Era o tempo do imperador Constantino e Frumêncio estava entre os discípulos na comitiva que acompanhava o filósofo Merópio. Voltavam de uma viagem à Índia e a embarcação parou no porto de Adulis, no mar Vermelho. Então, foram atacados por ladrões etíopes, que saquearam o barco e mataram os passageiros e tripulantes. Todos, exceto os amigos adolescentes, Frumêncio e Edésio. Os dois foram salvos por um motivo banal: naquele momento estavam sob uma árvore, entretidos na leitura de um livro. Sobreviveram, porém foram levados para a Etiópia e entregues ao rei, como escravos. 

Depois de conversar com eles e admirar-se com sua sabedoria, o rei decidiu mantê-los no palácio. Edésio como copeiro e Frumêncio como um secretário direto. Sua influência cresceu na Corte, principalmente junto à rainha. Ao tornar-se viúva, ela assumiu o poder para o filho menor, como regente. Libertou Frumêncio e Edésio, entregando-lhes a educação de seu filho, o futuro rei. Ou seja: só poderiam partir ao concluírem a tarefa. 

Tempos depois, eles conseguiram da rainha autorização para construir uma igreja próxima ao porto, para servir os mercadores cristãos que passavam pelo país. Isso muito significou para a difusão da fé cristã junto ao povo etíope, embora com dificuldade. Lentamente, foi nela que a semente do cristianismo germinou no continente africano. 

No tempo certo, obtiveram permissão de voltar à pátria, o Tiro, no sul da Síria, atual Líbano. Enquanto Edésio se dirigia para a cidade natal, onde se encontrou como o historiador, hoje santo, Rufino, que registrou toda a aventura, o amigo Frumêncio foi para Alexandria, no Egito. Queria pedir ao então bispo, santo Atanásio, que designasse um bispo e missionários para comandar a pregação católica na Etiópia. Atanásio não se fez de rogado, entendendo que o mais indicado era o próprio Frumêncio. Consagrou-o bispo da Etiópia. 

Quando retornou, Frumêncio encontrou no trono da Etiópia o jovem rei seu pupilo, que lhe dedicava grande estima, que logo em seguida se converteu e foi batizado, convidando todo o seu povo a acompanhá-lo no seguimento de Cristo. 

Frumêncio, chamado pelos etíopes de "Abba Salama", ou seja, "Pai da Paz", desenvolveu seu trabalho missionário na Etiópia até morrer no ano 380. A Igreja comemora no dia 26 de outubro aquele que considera o "Apóstolo da Etiópia".

SÃO VICENTE,SANTA SABINA E SANTA CRISTETA

ERAM IRMÃOS 

FORAM TORTURADOS CRUELMENTE.

Tiveram os membros desconjuntados e as cabeças esmagadas. Isto ocorreu por volta do ano 303,na Espanha,quando Diocleciano era imperador Romano (284-305 ) Segundo consta nos anais de seu martírio 


São Vicente foi feito prisioneiro antes de suas irmãs Sabina e Cristeta. Levado perante Daciano,o magistrado romano o interrogou dizendo:

" ....Perdoo à tua juventude essas liberdades, pois sei que não chegaste ainda à idade de uma prudência completa, pelo que te devo aconselhar que me ouças como pai, e como tal te ordeno que sacrifiques aos deuses imperiais".

Vicente então respondeu:

Careceria de solido juiz, se desprezando o verdadeiro DEUS que criou o Céu e a terra, penetrou os abismos e circundou os mares, desse culto aos falsos deuses de pau e de pedra, representados em estátuas vãs".

Diante da resistência do jovem CRISTÃO, foram-lhe concedidos três dias para pensar. Tentou fugir com suas irmãs, mas foram capturados pelos soldados romanos,padecendo todos o martírio


Portanto temos hoje CINCO grandes heróis para seguirmos seus exemplos: se queremos entrar na pátria CELESTE que so entra se for SANTO..

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

DOM ORANI ARCEBISPO DO RIO DE JANEIRO

2012-10-26 Rádio Vaticana
Rio de Janeiro (RV) - A Jornada Mundial da Juventude é um evento que marcou positivamente os países onde foi realizada, seja pelo clima de esperança que semeia, seja pela própria movimentação nos vários locais por onde passam os jovens. É um tempo em que as esperanças de um mundo novo mais justo e fraterno que os jovens, com seus ideais de uma civilização do amor, trazem em seu peito e distribuem por onde passam. Temos certeza de que o nosso país será outro após a JMJ Rio 2013.
Em todas as épocas, temos manifestações e presenças juvenis que foram protagonistas de grandes mudanças na sociedade. Em meio a tantas situações que fazem sofrer o gênero humano como, por exemplo, as guerras, os interesses escusos, a decadência dos valores, a dependência química, os problemas com as famílias, as necessidades sociais de alimentação, habitação, locomoção, saúde, educação, o respeito às culturas e aos valores a esperança renasce! O desejo de tempos melhores que habita nos corações jovens e que permanece naqueles que, mesmo com o passar do tempo e da idade continuam com os olhos voltados para o bem, tem na JMJ uma oportunidade de se manifestar. É um anúncio para toda a humanidade de que os jovens não estão alheios ao mundo, muito pelo contrário, querem participar e fazer história.
É interessante verificar como, pouco a pouco, as notícias sobre a Jornada e a vinda do Papa para o evento despertam atenção da mídia em geral. Até mesmo possíveis mudanças de locais ou de trajetos começam a ser noticiados com interesse. Os lugares oferecidos são os que nós temos e que já existem na cidade. A logística fará com que tudo ocorra dentro de uma locomoção possível para melhor atender a todos. As notícias, tanto dos eventos que antecedem como dos possíveis locais, mudanças, situações na realidade demonstram como o evento é de interesse da cidade e dos seus cidadãos. Estamos recebendo nestes dias a delegação da Santa Sé para examinar locais, distâncias, questões de locomoção e trajetos, e para dialogar com todas as autoridades civis e militares do município, estado e federação dentro das competências de cada área.
Nestes dias a cruz da jornada e o ícone de Nossa Senhora, entregues pelo Papa João Paulo II aos jovens, percorre o Brasil promovendo encontros de jovens em quase todas as Dioceses de nosso país. São eventos que têm marcado a vida jovem em todos os cantos por onde passam. Esses símbolos irão percorrer também alguns países do Cone Sul antes de chegarem ao Rio de Janeiro, destino final para aqui encontrar a juventude do mundo.
A área metropolitana do Rio de Janeiro se transformará em julho de 2013 no grande Santuário da Juventude do mundo, que para cá virá em peregrinação e contagiará com sua alegria e ideais o nosso jovem país. Os jovens de outros países passarão uma semana antes da jornada em várias cidades do Brasil, fazendo uma bela experiência de mergulhar na cultura local e compartilhar suas esperanças. Depois dessa bela e proveitosa experiência, todos do Brasil e do exterior se dirigirão ao Rio de Janeiro para o maior evento jovem de que temos conhecimento. Esse evento, aberto a todos, já conta com participantes e programação ecumênicas e com o diálogo inter-religioso, demonstrando assim o estilo aberto de vida e de mundo que queremos construir.
Voluntários do Brasil e do exterior se inscrevem para servirem a este belo evento. As famílias da região metropolitana do Rio de Janeiro abrem suas portas, como os braços do Cristo Redentor, para acolherem em suas casas e em seus corações esses jovens peregrinos. E o fazem com muita alegria e entusiasmo. Os legados sociais, como a questão ecológica e o hospital especializado em tratamento de pessoas com dependência química, são apenas um passo diante do grande legado que será a vida cheia de esperanças que desejamos e rezamos para que seja transmitida pelos jovens que estarão presente em todos os cantos do país alegrando a todos com as suas vidas.
O comitê organizador local se desdobra, em grande parte, com jovens voluntários do Brasil e do exterior, servindo com generosidade a humanidade que quer ver caminhos de solução para o futuro do mundo nos jovens que virão para a JMJ Rio 2013. No final de novembro receberemos aqui representantes dos jovens do mundo inteiro, que virão conhecer “in loco” a sede da Jornada coordenados pelo Pontifício Conselho para os leigos, responsável primeiro pela realização da mesma.
Por todos esses dons que o nosso país recebe – é o segundo país latino americano que sediará uma Jornada Mundial da Juventude em toda a sua história – nós bendizemos a Deus e nos colocamos à disposição, sabendo que estaremos prestando um serviço à humanidade e ao futuro. É bela e grande essa missão que recebemos com humildade e disponibilidade!
Estamos chegando ao final do Ano Litúrgico e às portas para iniciar um novo ano. Em Roma acontece o Sínodo para a Nova Evangelização para a transmissão da fé cristã. Estamos em pleno Ano da Fé! Melhor coisa não poderia acontecer para nós. Deus nos abençoou abundantemente! Está sendo um belo serviço! Está sendo um bonito trabalho! A alegria e a esperança dos jovens nos contagiam e nos rejuvenescem. Com essa experiência e presença da Jornada, o nosso jovem país será ainda mais jovem na esperança e na confiança de tempos melhores.
Que todos venham como amigos, pois aqui, aos pés do Cristo Redentor que os acolherá de braços abertos, serão enviados ao mundo como arautos de um amanhã mais lindo para nossa humanidade!
Bem-vinda Jornada! Bem-vindos jovens! Bem- vindas todas as pessoas de boa vontade que acreditam num mundo melhor.
D. Orani João Tempesta, O. Cist.
Arcebispo do Rio de Janeiro

A PROFESSORA CEGA


Eram os primeiros anos de sacerdócio, em minha primeira Paróquia, numa das mais gratificantes experiências do exercício do ministério, a atenção aos doentes, regularmente visitados, para o Sacramento da Penitência, a Unção dos enfermos e a Sagrada Comunhão, quando recebi uma das lições mais expressivas. Penso nos meus sacerdotes hoje, muitos deles dedicados semanalmente a tais visitas, testemunhas de milagres, quando Deus lhes concede muito mais do que levam aos verdadeiros santuários, que são os leitos dos que se fazem para-raios que, com sua oferta e oração contínua, sustentam silenciosamente a Igreja e os irmãos.

Pois bem, minha mestra espiritual, naquela ocasião, foi uma cega de nascença, no alto de seus oitenta e nove anos. Lembro-me de seu rosto curtido, com as marcas da ascendência escrava, da qual nunca se envergonhou. Recebidos os Sacramentos, diante das pessoas que comigo se encontravam, enquanto “saía um cafezinho novo”, pontificou diante do padre novo: “Agradeço a Deus por ser cega! O senhor não acha que a maior parte dos pecados começa com a vista? Ora, se não enxergo, posso pecar menos!” Fazia poucos anos em que tinha me debruçado sobre a afirmação do Senhor Jesus: “Se teu olho te leva à queda, arranca-o e joga fora. É melhor entrares na vida tendo um olho só do que, com os dois, seres lançado ao fogo do inferno” (Mt 18,9). 

Precisei de uma pessoa que nunca tinha lido uma letra para entender melhor a importância de viver sem pecado, coragem para resistir às tentações e perseverar no bem. É que aquela senhora enxergava mais do que todos, pois via com o coração. Seu horizonte era muito mais amplo e suas muitas lições permaneceram em seus familiares e frutificaram na Comunidade em que vivia.

“Cheios de grande admiração, diziam: “Tudo ele tem feito bem. Faz os surdos ouvirem e os mudos falarem” (Mc 7,37). O contato de Jesus com as pessoas as deixa sempre marcadas positivamente. Ninguém passa em vão ao seu lado. Em Jericó (Mc 10,46-52), depois de uma escola de vida, durante uma viagem, na qual formava seus amigos escolhidos para a missão de levar a Boa Nova a todos, indica-lhes o modelo do discípulo justamente em Bartimeu, cego, mendigo sentado à beira do caminho e morador de uma cidade de má fama! Mais do que os alunos aplicados da escola do caminho, o rejeitado por todos, sobre o qual muitos teriam perguntado sobre eventuais culpas (Cf. Jo 9,2), é apresentado pelo Evangelho como modelo de discípulo.




Bartimeu é daquelas pessoas que não deixam escapar uma boa oportunidade (Cf. Raniero Cantalamessa, Gettate le reti, Anno B, PIEMME, 2004, Pág. 314). Ouviu dizer que Jesus, o nazareno, estava passando e agiu com prontidão, gritando no meio do povo, mesmo quando a “turma do deixa disso” quis calar sua boca. Era um mendigo da luz, queria enxergar! Como tantos homens e mulheres, jovens ou adultos de nosso tempo que pedem a esmola da luz verdadeira, querem conhecer a verdade, quem sabe às apalpadelas. Faz pensar nas muitas situações em que nosso tempo quer calar a voz da fé, para que se torne apenas um fato privado, com a pretensão de que desapareçam todos os sinais externos das convicções religiosas que sempre geraram cultura e valores. 

Bartimeu gritou em voz bem alta a sua fé, para dizer a todos que Jesus é o Messias prometido. Há gritos entalados, e vi muitos deles nas multidões do Círio de Nazaré de 2012 , que querem chorar e espernear pelos valores do Evangelho e da dignidade das pessoas humanas. Há gente que quer dar o salto da fé, para sair do meio da multidão! Jesus pretende, através dos cristãos de hoje, aproximar-se de cada uma delas, para perguntar “o que queres que eu te faça?”. Para tanto, faz-se necessário dar um “trato” de atenção e carinho a todos os que estão afastados ou assim se sentem. Lá na margem dos lagos da vida, ou quem sabe, lá na correnteza violenta dos rios da existência, ou, quem sabe, na escuridão das vielas em que se escondem, há pessoas pedindo a esmola da verdade.

Ressoe de novo a palavra do Senhor: “Aclamai a Jacó alegremente, cantai hinos à primeira das nações! Soltai a voz! Cantai! Dizei: Senhor, salva teu povo, o que restava de Israel! Pois vou trazê-los de volta do país do norte, dos extremos da terra hei de reuni-los. Entre eles, cego e aleijado, mulher grávida e parturiente. Em grande multidão voltam para cá. Chegam chorando, suplicantes eu os traslado. Faço-os caminhar entre torrentes de água, por caminhos planos, onde não tropeçam; eu sou pai para Israel, Efraim é meu filho querido” (Jr 31,7-9). Norte, traslado, reunião de multidões, cego e aleijado, mulher grávida e parturiente, torrentes de água, caminhos onde as pessoas não tropeçam... Qualquer semelhança com o que vivemos no Círio, não é coincidência! É Providência!

Cabe-nos encontrar as formas adequadas para dizer “Coragem, levanta-te, Jesus te chama ” (Mc 10,49). A cura das pessoas e das multidões virá pelo encontro com o Senhor que é Deus e homem. A Igreja, servidora e colaboradora da verdade, renove suas disposições para anunciar integralmente o Evangelho, no ano da Fé. Este será uma ocasião propícia a fim de que todos os fiéis compreendam mais profundamente que o fundamento da fé cristã é o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo.

Fundamentada no encontro com Jesus Cristo ressuscitado, a fé poderá ser redescoberta na sua integridade e em todo o seu esplendor. Também nos nossos dias a fé é um dom que se deve redescobrir, cultivar e testemunhar para que o Senhor conceda a cada um de nós vivermos a beleza e a alegria de sermos cristãos (Cf. Bento XVI, Carta Enc. Deus caritas est, 25 de dezembro de 2005, n. 1 e Homilia na Festa do Batismo do Senhor, 10 de janeiro 2010).


Dom Alberto Taveira Corrêa

Arcebispo de Belém - PA

Dom Alberto Taveira foi Reitor do Seminário Provincial Coração Eucarístico de Jesus em Belo Horizonte. Na Arquidiocese de Belo Horizonte foi ainda vigário Episcopal para a Pastoral e Professor de Liturgia na PUC-MG. Em Brasília, assumiu a coordenação do Vicariato Sul da Arquidiocese, além das diversas atividades de Bispo Auxiliar, entre outras. No dia 30 de dezembro de 2009, foi nomeado Arcebispo da Arquidiocese de Belém - PA.

ABORTO NO CANADÁ






 

Lei proíbe colégios católicos no Canáda de ensinar que o aborto é algo mau


Algo impressionante e impensável acontece no Canadá. A ministra da educação de Ontario (Canadá), Laurel Broten, declarou que, segundo uma nova lei aprovada, as escolas católicas não poderão ensinar que o aborto é algo mau. Caso o façam, será considerado um ato contra a mulher, penalizado pela lei, que busca “construir um ambiente escolar positivo e inclusivo” (16 de outubro de 2012, Gaudium Press).



É a chamada “Lei de Escolas Acolhedoras”, aprovada pelo Novo Partido Democrata, e requer que todos os conselhos escolares tomem medidas contra a “perseguição escolar”, endurecendo as consequências legais da perseguição e “apoia os estudantes que queiram promover a compreensão e o respeito por todos”. Isto é, dizer que o aborto, um assassinato covarde de uma criança inocente e indefesa, é algo caracterizado como “perseguição religiosa”. Defender a vida do nascituro passou a ser na “civilização moderna”, atéia, hedonista, consumista, materialista, inimiga de Deus e da Igreja, perseguição religiosa. Que absurdo!


Assim, os colégios católicos em Ontario ficam ameaçados; mas certamente os colégios católicos não vão deixar de denunciar o crime hediondo e covarde que é o aborto.


Em junho deste ano, quando a lei foi aprovada, os bispos católicos protestaram contra ela, pois os colégios católicos serão obrigados a ir contra a doutrina católica.


A organização LifeNews afirmou que “nunca havia visto um ataque governamental à liberdade religiosa como o que promete a Ministra Broten”. De fato, é um gravíssimo ataque não só contra a liberdade religiosa, mas também contra a liberdade de consciência (objecção de consciência) liberdade de expressão. Se esses valores forem cancelados, a democracia e a liberdade perecem.

DOM EDUARDO

                                               
TECNOLOGIA E SABEDORIA -
Artigo de : Dom Eduardo Benes de Sales Rodrigues - Arcebispo de Sorocaba - SP

Colhi de uma agência de notícias na INTERNET a seguinte afirmação: “Steve Jobs foi homenageado até mesmo por veículos ligados ao Vaticano”. Note o leitor que o “até mesmo” pode ser interpretado negativamente, pois atrás da expressão poderia estar a idéia de que a Igreja se opõe ao avanço das no...

vas tecnologias, o que não é verdade. “A maior contribuição que Steve Jobs nos deixou é a de sentir a tecnologia como algo que faz parte da vida de todos os dias. Deixou de ser um assunto apenas para técnicos", comentou a Rádio Vaticano.

Recentemente participei de um Seminário de Comunicação para bispos, promovido pelo Conselho Pontifício para as Comunicações Sociais da Santa Sé, no qual, além das análises sócio-culturais do impacto das novas tecnologias de comunicação, procuramos pensá-las à luz da fé, sobretudo através de uma rica exposição com o seguinte título: “Espiritualidade e Elementos para uma Teologia da Comunicação em Rede”. Apenas para o leitor se fazer uma idéia do significado que a Igreja atribui à Internet, cito um breve trecho da conferência do teólogo: “A rede, colocada ao alcance da mão (também no sentido literal), começa a incidir sobre a capacidade de viver e de pensar. De seu influxo depende de algum modo a percepção de nós mesmos, dos outros e do mundo que nos cerca e daquilo que ainda não conhecemos”. Uma nova cultura se instala através da Internet. A humanidade se reconhece cada vez mais uma única família.

As novas tecnologias estão aí. O que faremos delas? Espaço de relações verdadeiras ou praça de guerra? Espaço de circulação da verdade ou de relações falsas? Com certeza Steve Jobs em seu empenho criativo pensava estar colocando a serviço da humanidade poderosos meios de comunicação. Sua história, por ele mesmo interpretada em discurso de formatura na Universidade de Stanford, em junho de 2005, nos deixa preciosas lições sobre o significado da Vida.

Na primeira parte, que ele designa como “ligar os pontos”, descreve como os aparentes contratempos da existência, passado o tempo, se ligam harmoniosamente e afirma: “claro que era impossível conectar os pontos olhando para frente quando eu estava na faculdade. Mas ficou muito claro olhando para trás, dez anos depois. Você só pode conectar os pontos de algum jeito olhando para trás” e acrescenta: “Então você tem que confiar que os pontos de algum jeito vão se conectar no futuro”.

Na segunda parte, que Ele denomina”Amor e Perda”, Steve testemunha que sua demissão da empresa, que ele mesmo fundara, a Apple, significou um grande vazio, mas que, mesmo assim, ele continuava amando o que fazia e decidiu recomeçar tudo de novo e afirma que a demissão, vista depois, “foi a melhor coisa que podia ter acontecido para mim. Deu-me a liberdade para começar um dos períodos mais criativos de minha vida” quando criou duas empresas a NeXT e a Pixar e “em que me apaixonei por uma mulher maravilhosa que se tornou minha esposa”. Ao narrar essa parte ele diz aos formandos: “Às vezes a vida bate com um tijolo na sua cabeça. Não perca a fé”. Amor ao trabalho e às pessoas é o segredo de viver contente. Na terceira parte, Steve narra o diagnóstico do câncer no Pâncreas que, finalmente, o levou à morte e passa a refletir sobre a morte.

Começa por lembrar-se de ter lido, aos 17 anos, em algum lugar: “Se você viver cada dia como se fosse o último, algum dia provavelmente você vai acertar”. Levou a sério o que lera e afirma ter mudado várias vezes de direção por se perguntar: “se fosse hoje o último dia de minha vida, eu iria querer fazer o que vou fazer hoje?” E assevera: “lembrar que eu logo vou estar morto é a ferramenta mais importante que eu já encontrei para me ajudar a fazer grandes escolhas na vida, porque quase tudo, toda expectativa exterior, todo orgulho, todo o medo de dificuldades, de falhas, estas coisas simplesmente somem em face da morte, deixando apenas o que realmente é importante. Lembrar que você vai morrer é a melhor maneira que conheço para evitar a armadilha de achar que você tem algo a perder. Você está nu. Não há razão para não seguir seu coração”.

Mais adiante Steve diz que ninguém quer morrer mesmo crendo no céu “e mesmo assim a morte é o destino que todos compartilhamos. Ninguém nunca escapou dela. E é como deveria ser, porque a Morte é muito provavelmente a melhor invenção da Vida. É o agente de mudança da vida. Ela tira o que é velho do caminho para dar espaço ao novo”. E dirigindo-se aos jovens: “Seu tempo é limitado, então não o gaste vivendo a vida de outra pessoa.... Não deixe o ruído da opinião alheia sufocar sua voz interior...tenha coragem de seguir seu coração e sua intuição”...tudo o mais é secundário”. E termina; “Stay Hungry, Stay Foolish”, “continue faminto, continue ingênuo”, ou seja, nunca desista, acredite sempre. Dom Eduardo Benes de Sales Rodrigues - Arcebispo de Sorocaba - SP
                                    

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

SANTO ANTÕNIO DE SANT ÁNNA GALVÃO

                           


Conhecido como "o homem da paz e da caridade", Antônio de Sant'Anna Galvão nasceu no dia 10 de maio de 1739, na cidade de Guaratinguetá (SP).

Filho de Antônio Galvão, português natural da cidade de Faro em Portugal, e de Isabel Leite de Barros, natural da cidade de Pindamonhangaba, em São Paulo. O ambiente familiar era profundamente religioso. Antônio viveu com seus irmãos numa casa grande e rica, pois seus pais gozavam de prestígio social e influência política.

O pai, querendo dar uma formação humana e cultural segundo suas possibilidades econômicas, mandou Antônio, com a idade de 13 anos, à Bahia, a fim de estudar no seminário dos padres jesuítas.

Em 1760, ingressou no noviciado da Província Franciscana da Imaculada Conceição, no Convento de São Boaventura do Macacu, na Capitania do Rio de Janeiro. Foi ordenado sacerdote no dia 11 de julho de 1762, sendo transferido para o Convento de São Francisco em São Paulo.

Em 1774, fundou o Recolhimento de Nossa Senhora da Conceição da Divina Providência, hoje Mosteiro da Imaculada Conceição da Luz, das Irmãs Concepcionistas da Imaculada Conceição.

Cheio do espírito da caridade, não media sacrifícios para aliviar os sofrimentos alheios. Por isso o povo a ele recorria em suas necessidades. A caridade de Frei Galvão brilhou, sobretudo, como fundador do mosteiro da Luz, pelo carinho com que formou as religiosas e pelo que deixou nos estatutos do então recolhimento da Luz. São páginas que tratam da espiritualidade, mas em particular da caridade de como devem ser vivida a vida religiosa e tratadas as pessoas de dentro e de fora do "recolhimento".

Às 10 horas do dia 23 de dezembro de 1822, no Mosteiro da Luz de São Paulo, havendo recebido todos os sacramentos, adormeceu santamente no Senhor, contando com seus quase 84 anos de idade. Foi sepultado na Capela-Mor da Igreja do Mosteiro da Luz, e sua sepultura ainda hoje continua sendo visitada pelos fiéis.

Sobre a lápide do sepulcro de Frei Galvão está escrito para eterna memória: "Aqui jaz Frei Antônio de Sant'Anna Galvão, ínclito fundador e reitor desta casa religiosa, que tendo sua alma sempre em suas mãos, placidamente faleceu no Senhor no dia 23 de dezembro do ano de 1822". Sob o olhar de sua Rainha, a Virgem Imaculada, sob a luz que ilumina o tabernáculo, repousa o corpo do escravo de Maria e do Sacerdote de Cristo, a continuar, ainda depois da morte, a residir na casa de sua Senhora ao lado de seu Senhor Sacramentado.

Frei Galvão é o religioso cujo coração é de Deus, mas as mãos e os pés são dos irmãos. Toda a sua pessoa era caridade, delicadeza e bondade: testemunhou a doçura de Deus entre os homens. Era o homem da paz, e como encontramos no Registro dos Religiosos Brasileiros: "O seu nome é em São Paulo, mais que em qualquer outro lugar, ouvido com grande confiança e não uma só vez, de lugares remotos, muitas pessoas o vinham procurar nas suas necessidades".

O dia 25 de outubro, dia oficial do santo, foi estabelecido, na Liturgia, pelo saudoso Papa João Paulo II, na ocasião da beatificação de Frei Galvão em 1998 em Roma. Com a canonização do primeiro santo que nasceu, viveu e morreu no Brasil, a 11 de maio de 2007, o Papa Bento XVI manteve a data de 25 de outubro.


Santo Antônio de Sant'Anna Galvão, rogai por nós!
                                                                         




O QUE SIGNIFICA CRER HOJE ?

 


Catequese de Bento XVI na Audiência Geral de quarta- feira

CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 24 de outubro de 2012(ZENIT.org ) - Apresentamos as palavras de Bento XVI dirigidas aos fiéis e peregrino reunidos na Praça de São Pedro para a tradicional audiência de quarta-feira.
Queridos irmãos e irmãs,
Quarta-feira passada, com o início do Ano da Fé, comecei uma nova série de catequeses sobre a fé. E hoje gostaria de refletir com vocês sobre uma questão fundamental: o que é a fé? Ainda há um sentido para a fé em um mundo cuja ciência e a técnica abriram horizontes até pouco tempo impensáveis? O que significa crer hoje? De fato, no nosso tempo é necessária uma renovada educação para a fé, que inclua um conhecimento das suas verdades e dos eventos da salvação, mas que sobretudo nasça de um verdadeiro encontro com Deusem Jesus Cristo, de amá-lo, de confiar Nele, de modo que toda a vida seja envolvida. 
Hoje, junto a tantos sinais do bem, cresce ao nosso redor também um certo deserto espiritual. Às vezes, tem-se a sensação, por certos acontecimentos dos quais temos notícia todos os dias, que o mundo não vai em direção à construção de uma comunidade mais fraterna e mais pacífica; as mesmas ideias de progresso e de bem estar mostram também as suas sombras. Apesar da grandeza das descobertas da ciência e dos sucessos da técnica, hoje o homem não parece  verdadeiramente mais livre, mais humano; permanecem tantas formas de exploração, de manipulação, de violência, de abusos, de injustiça...Um certo tipo de cultura, então, educou a mover-se somente no horizonte das coisas, do factível, a crer somente no que se vê e se toca com as próprias mãos. Por outro lado, cresce também o número daqueles que se sentem desorientados e, na tentativa de ir além de uma visão somente horizontal da realidade, estão dispostos a crer em tudo e no seu contrário. Neste contexto, surgem algumas perguntas fundamentais, que são muito mais concretas do que parecem à primeira vista: que sentido tem viver? Há um futuro para o homem, para nós e para as novas gerações? Em que direção orientar as escolhas da nossa liberdade para um êxito bom e feliz da vida? O que nos espera além do limiar da morte? 

Destas insuprimíveis perguntas emergem como o mundo do planejamento, do cálculo exato e do experimento, em uma palavra o saber da ciência, mesmo sendo importante para a vida do homem, sozinho não basta. Nós precisamos não apenas do pão material, precisamos de amor, de significado e de esperança, de um fundamento seguro, de um terreno sólido que nos ajude a viver com um senso autêntico também nas crises, na escuridão, nas dificuldades e nos problemas cotidianos. A fé nos dá exatamente isto: é um confiante confiar em um “Tu”, que é Deus, o qual me dá uma certeza diferente, mas não menos sólida daquela que me vem do cálculo exato ou da ciência.A fé não é um simples consentimento intelectual do homem e da verdade particular sobre Deus; é um ato com o qual confio livremente em um Deus que é Pai e me ama; é adesão a um “Tu” que me dá esperança e confiança. Certamente esta adesão a Deus não é privada de conteúdo: com essa sabemos que Deus mesmo se mostrou a nós em Cristo, mostrou a sua face e se fez realmente próximo a cada um de nós. Mais, Deus revelou que o seu amor pelo homem, por cada um de nós, é sem medida: na Cruz, Jesus de Nazaré, o Filho de Deus feito homem, nos mostra do modo mais luminoso a que ponto chega este amor, até a doação de si mesmo, até o sacrifício total. Com o Mistério da Morte e Ressurreição de Cristo, Deus desce até o fundo na nossa humanidade para trazê-la de volta a Ele, para elevá-la à sua altura. A fé é crer neste amor de Deus que não diminui diante da maldade do homem, diante do mal e da morte, mas é capaz de transformar cada forma de escravidão, dando a possibilidade da salvação.Ter fé, então, é encontrar este “Tu”, Deus, que me sustenta e me concede a promessa de um amor indestrutível que não só aspira à eternidade, mas a doa; é confiar-se em Deus como a atitude de uma criança, que sabe bem que todas as suas dificuldades, todos os seus problemas estão seguros no “Tu” da mãe. E esta possibilidade de salvação através da fé é um dom que Deus oferece a todos os homens. Acho que deveríamos meditar com mais frequência – na nossa vida cotidiana, caracterizada por problemas e situações às vezes dramáticas – sobre o fato de que crer de forma cristã significa este abandonar-me com confiança ao sentido profundo que sustenta a mim e ao mundo, aquele sentido que nós não somos capazes de dar, mas somente de receber como dom, e que é o fundamento sobre o qual podemos viver sem medo. E esta certeza libertadora e tranquilizante da fé devemos ser capazes de anunciá-la com a palavra e de mostrá-la com a nossa vida de cristãos. 

Ao nosso redor, porém, vemos todos os dias que muitos permanecem indiferentes ou recusam-se a acolher este anúncio. No final do Evangelho de Marcos, hoje temos palavras duras do Ressuscitado que diz: “Quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado” (Mc 16, 16), perde a si mesmo. Gostaria de convidá-los a refletir sobre isso. A confiança na ação do Espírito Santo, nos deve impulsionar sempre a andar e anunciar o Evangelho, ao corajoso testemunho da fé; mas além da possibilidade de uma resposta positiva ao dom da fé, há também o risco de rejeição ao Evangelho, do não acolhimento ao encontro vital com Cristo.Santo Agostinho já colocava este problema em seu comentário da parábola do semeador: “Nós falamos – dizia – lançamos a semente, espalhamos a semente. Existem aqueles que desprezam, aqueles que reprovarão, aquelas que zombam. Se nós temos medo deles, não temos mais nada a semear e no dia da ceifa ficaremos sem colheita. Por isso venha a semente da terra boa” (Discurso sobre a disciplina cristã, 13, 14: PL 40, 677-678). A recusa, portanto, não pode nos desencorajar. Como cristãos somos testemunhas deste terreno fértil: a nossa fé, mesmo com nossos limites, mostra que existe a terra boa, onde a semente da Palavra de Deus produz frutos abundantes de justiça, de paz e de amor, de nova humanidade, de salvação. E toda a história da Igreja, com todos os problemas, demonstra também que existe a terra boa, existe a semente boa, e traz fruto. 
Mas perguntamo-nos: de onde atinge o homem aquela abertura do coração e da mente para crer no Deus que se fez visível em Jesus Cristo morto e ressuscitado, para acolher a sua salvação, de forma que Ele e seu Evangelho sejam o guia e a luz da existência? Resposta: nós podemos crer em Deus porque Ele se aproxima de nós e nos toca, porque o Espírito Santo, dom do Ressuscitado, nos torna capazes de acolher o Deus vivo. A fé então é primeiramente um dom sobrenatural, um dom de Deus.O Concílio Vaticano II afirma: “Para que se possa fazer este ato de fé, é necessária a graça de Deus que previne e socorre, e são necessários os auxílios interiores do Espírito Santo, o qual mova o coração e o volte a Deus, abra os olhos da mente, e doe ‘a todos doçura para aceitar e acreditar na verdade’” (Cost. dogm. Dei Verbum, 5). Na base do nosso caminho de fé tem o Batismo, o sacramento que nos doa o Espírito Santo, fazendo-nos tornar filhos de Deus em Cristo, e marca o ingresso na comunidade de fé, na Igreja: não se crê por si próprio, sem a vinda da graça do Espírito; e não se crê sozinho, mas junto aos irmãos. A partir do Batismo cada crente é chamado a re-viver e fazer própria esta confissão de fé, junto aos irmãos. 
A fé é dom de Deus, mas é também ato profundamente livre e humano. O Catecismo da Igreja Católica o diz com clareza: “É impossível crer sem a graça e os auxílios interiores do Espírito Santo. Não é, portanto, menos verdade que crer é um ato autenticamente humano. Não é contrário nem à liberdade e nem à inteligência do homem” (n. 154). Mas, as implica e as exalta, em uma aposta de vida que é como um êxodo, isso é, um sair de si mesmo, das próprias seguranças, dos próprios esquemas mentais, para confiar na ação de Deus que nos indica a sua estrada para conseguir a verdadeira liberdade, a nossa identidade humana, a verdadeira alegria do coração, a paz com todos. Crer é confiar com toda a liberdade e com alegria no desenho providencial de Deus na história, como fez o patriarca Abraão, como fez Maria de Nazaré. A fé, então, é um consentimento com o qual a nossa mente e o nosso coração dizem o seu “sim” a Deus, confessando que Jesus é o Senhor. E este “sim” transforma a vida, abre a estrada para uma plenitude de significado, a torna nova, rica de alegria e de esperança confiável. 
Caros amigos, o nosso tempo requer cristãos que foram apreendidos por Cristo, que cresçam na fé graças à familiaridade com a Sagrada Escritura e os Sacramentos. Pessoas que sejam quase um livro aberto que narra a experiência da vida nova no Espírito, a presença daquele Deus que nos sustenta no caminho e nos abre à vida que nunca terá fim. Obrigado.
Ao final o Santo Padre dirigiu a seguinte saudação em português:
Uma cordial saudação para todos os peregrinos de língua portuguesa, com menção particular dos grupos de diversas paróquias e cidades do Brasil, que aqui vieram movidos pelo desejo de afirmar e consolidar a sua fé e adesão a Cristo: o Senhor vos encha de alegria e o seu Espírito ilumine as decisões da vossa vida para realizardes fielmente o projeto de Deus a vosso respeito. Acompanha-vos a minha oração e a minha Bênção
                              

 
 
 

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

SANTO ANTÔNIO MARIA CLARET



Santo Antônio Maria Claret 

O quinto dos onze filhos de Antônio Claret e Josefa Clara nasceu em 23 de dezembro de 1807, no povoado de Sallent, diocese de Vic, Barcelona, Espanha. Foi batizado no dia de Natal e recebeu o nome de Antônio Claret y Clara. Na família, aprendeu o caminho do seguimento de Cristo, a devoção a Maria e o profundo amor à eucaristia. 

Cedo aprendeu a profissão do pai e depois a de tipógrafo. Na adolescência, ouviu o chamado para servir a Deus. Assim, acrescentou o nome de "Maria" ao seu, para dar testemunho de que a ela dedicaria sua vida de religioso. E foi uma vida extraordinária dedicada ao próximo. Antônio Maria Claret trabalhou com o pai numa fábrica de tecidos e, aos vinte e um anos, depois de ter recusado empregos bem vantajosos, ingressou no Seminário de Vic, pois queria ser monge cartuxo. Mas lá percebeu sua vocação de padre missionário. 

Em 1835, recebeu a ordenação sacerdotal e foi nomeado pároco de sua cidade natal. Quatro anos depois, foi para Roma e dirigiu-se à Propaganda Fides, onde se apresentou para ser missionário apostólico. Foram anos de trabalho árduo e totalmente dedicado ao ministério pastoral na Espanha, que muitos frutos trouxeram para a Igreja. Em 1948, foi enviado para a difícil região das Ilhas Canárias. 

No entanto ansiava por uma obra mais ampla e assim, em 1849, na companhia de outros cinco jovens sacerdotes, fundou a Congregação dos Missionários Filhos do Imaculado Coração de Maria, ou Padres Claretianos. Entretanto, nessa ocasião, a Igreja vivia um momento de grande dificuldade na distante diocese de Cuba, que estava vaga havia quatorze anos. No mesmo ano, o fundador foi nomeado arcebispo de lá. E mais uma vez pôde constatar que Maria jamais o abandonava. 

Era uma vítima constante de todo tipo de pressão das lojas maçônicas, que faziam oposição violenta contra o clero, além dos muitos atentados que sofreu contra a sua vida. Incendiaram uma casa que se hospedava, colocaram veneno em sua comida e bebida, assaltaram-no à mão armada e o feriram várias vezes. 

Mas monsenhor Claret sempre escapou ileso e continuou seu trabalho, sem nunca recuar. Restaurou o antigo seminário cubano, deu apoio aos negros e índios, escravos Em 1855, junto com madre Antônia Paris, fundou outra congregação religiosa, a das Irmãs de Ensino Maria Imaculada, ou Irmãs Claretianas. Fez visitas pastorais a todas as dioceses, levando nova força e ânimo, para o chamado ao trabalho cada vez mais difícil e cada vez mais necessário. Quando voltou a Madri em 1857, deixou a Igreja de Cuba mais unida, mais forte e resistente. 

Voltou à Espanha porque a rainha Isabel II o chamou para ser seu confessor. Mesmo contrariado, aceitou. Nesse período, sua obra escrita cresceu muito, enriquecida com seus inúmeros sermões. Em 1868, solidário com a soberana, seguiu-a no exílio na França, onde permaneceu ao lado da família real. Contudo não parou seu trabalho de apostolado e de escritor por excelência. Encontrou, ainda, tempo e forças para fundar uma academia para os artistas, que colocou sob a proteção de são Miguel. 

Morreu com sessenta e três anos, no dia 24 de outubro de 1870, no Mosteiro de Fontfroide, França, deixando-nos uma importante e numerosa obra escrita. Beatificado pelo papa Pio XI, que o chamou de "precursor da Ação Católica do mundo moderno", foi canonizado em 1950 por Pio XII. Santo Antônio Maria Claret é festejando no dia de sua morte.

MORTE, JUIZO, INFERNO, E PARAIZO

                                              

Morte, Juizo, Inferno, Paraiso

A doutrina da Igreja ensina que nossa vida não se esgota nesse mundo. Fazemos um caminho que termina com a morte. A morte, porém, não é uma volta ao nada. É a chegada ao nosso destino definitivo. Quem crê em Cristo e caminha com Ele tem a firme esperança de participar com Ele da plenitude da vida, da vida eterna, que é vida com o Pai e com o Filho nos laços do Espírito de amor. Jesus disse aos discípulos no discurso de despedida: “Vou preparar um lugar para vós. E depois que eu tiver ido e preparado um lugar para vós, voltarei e vos levarei comigo, a fim de que onde eu estiver, estejais também vós”(Jo 14,2-3). Esta é a promessa de Jesus para seus amigos. Vista à luz da fé, a morte é esse momento em que o Senhor vem nos buscar. A única condição é que estejamos no Caminho, seguindo seus passos. Nosso destino final depende do que fizermos de nossa vida nesse mundo. Seremos para sempre aquilo que nos tornarmos pelas decisões de nossa liberdade no tempo da história. Uma vida vivida no pecado conduz à morte eterna. Mas é sempre possível, pela graça de Deus, até o último momento, voltar-se para Deus em sincero arrependimento. À morte se segue o juízo particular assim descrito pelo Catecismo da Igreja Católica: “Ao morrer, cada homem recebe na sua alma imortal a retribuição eterna, num juízo particular que põe a sua vida em referência a Cristo, quer através duma purificação, quer para entrar imediatamente na felicidade do céu, quer para se condenar imediatamente para sempre. ‘Ao entardecer desta vida, examinar-te-ão no amor’ (São João da Cruz)”.Em que consiste o Juízo Particular? A verdade e o amor de Deus, a luz de sua presença, revelarão para cada um de nós o que foi nossa vida e qual o destino que merecemos. Essa verdade atormentou a alma de São Francisco de Sales a tal ponto que ele chegou a convencer-se de que estava destinado ao Inferno. Libertou-se desse terror quando pediu a Nossa Senhora: “se devo odiar a Deus eternamente no inferno, suplico-vos uma coisa: obtende-me pelo menos a graça de amá-lo de todo o meu coração nesta terra”. Faz-nos bem experimentar um santo temor ao meditar sobre o juízo particular. Apesar de nossos esforços em praticar o bem, acompanha-nos sempre a consciência de sermos pecadores. A confiança na misericórdia de Deus e o espírito de penitência devem nos tranqüilizar. Acomodação, porém, nunca! A verdade sobre uma purificação depois da morte é para todos nós consoladora. O texto acima afirma que o Juízo particular coloca nossa “vida em referência a Cristo” também “através de uma purificação”. E logo a seguir o Catecismo da Igreja ensina: “Os que morrem na graça e na amizade de Deus, mas não de todo purificados, embora seguros da sua salvação eterna, sofrem depois da morte uma purificação, a fim de obterem a santidade necessária para entrar na alegria do céu.”(n.1030). Provavelmente muitos de nós morreremos em estado de amizade com Deus, mas sem ter chegado a abertura total de nosso ser para Deus. Ao morrermos, em estado de graça, experimentaremos, como jamais experimentamos nesta existência, o amor de Deus. E haveremos de exclamar: “Deus me ama tanto e amei tão pouco no tempo da vida”. Esta é a dor da purificação que vem logo depois da morte. Mas seu amor nos puxará para dentro de seu mistério e seremos totalmente livres para amá-lo eternamente. Na purificação após a morte já teremos a certeza de nossa salvação e aceitaremos com gratidão a dor que nos causarão a lembrança dos pecados cometidos nessa vida e suas marcas em nossas almas. Nós que ainda peregrinamos estamos em comunhão com os irmãos e irmãs do purgatório. Essa comunhão nos convida a oferecer orações e sacrifícios por eles bem como nos permite contar com sua intercessão. Assim nos ensina a Igreja: “Reconhecendo claramente esta comunicação de todo o Corpo místico de Cristo, a Igreja dos que ainda peregrinam, cultivou com muita piedade desde os primeiros tempos do Cristianismo a memória dos defuntos e, «porque é coisa santa e salutar rezar pelos mortos, para que sejam absolvidos de seus pecados» (2 Mac. 12,46), por eles ofereceu também sufrágios.”(LG 50). As verdades últimas sobre nossa existência nos motivam a viver uma vida santa. Interessante o nome que se dava, e ainda se dá, a essas verdades: os Novíssimos do Homem. Por que novíssimos? A última novidade – notícia que darão de nós -, depois da qual nenhuma outra será anunciada, é esta: a nossa morte. A Igreja diz que não acaba tudo aí e afirma que as últimas coisas são quatro: morte, juízo, inferno e paraíso. São verdades que nos motivam a viver com intensidade e profundidade a vida, no seguimento de Jesus e na imitação dos santos e das santas, certos de que Cristo morreu e ressuscitou para que nós pudéssemos, com a graça do Espírito Santo, chegar à plenitude da vida e com Ele reinarmos por toda a eternidade. Rezemos pelos mortos para que entrem na plenitude do céu e aguardemos na esperança nosso reencontro com eles no mistério de Deus!

Dom Eduardo Benes de Sales Rodrigues