sábado, 8 de setembro de 2012

MENSAGEM DE UM PADRE SANTO

                                  
Quando publiquei pela primeira vez essa idéia, em agosto de 2011, com a inauguração deste blog (Eremitas de Jesus Misericordioso, atualmente Sic Transit Gloria Mundi), meu intuito era bem modesto: dar esperança, confiança e apoio a tantas pessoas de ambos os sexos que, como eu, vivem sozinhas.

Há muitas pessoas que não têm mais a saúde necessária para realizar grandes obras ou mesmo o mais simples apostolado na comunidade, e se sentes abandonadas, ou omissas, ou “descartadas”.

Longe disso! Deus nos ama com um amor eterno (Jeremias 31,3), nos acolhe como somos ou estamos, e quer que vivamos para Ele, que que o escolhamos, mesmo que não consigamos fazer as suas obras (que muitas vezes acabam se tornando motivo de nossa vaidade). Como dizia um sábio bispo brasileiro (não me lembro se D. Valfredo Tepe ou D. Pedro Casaldáliga), “Deus nos aceita como somos para transformar-nos naquilo que deseja que sejamos”.

O Cardeal Van Thuan ficou preso por 9 anos na solitária e mais 4 anos com os demais, e sentiu uma angústia muito profunda por não poder mais trabalhar no apostolado tão difícil da Igreja do Vietnam, da qual tinha sido bispo por 8 anos. Certo dia, chegou à conclusão de que ele escolhera Deus, e não as obras de Deus (confira no resumo do livro “Testemunhas da Esperança”, 5º capítulo, do nosso site Jesus Cáritas).

 Deus suscitou, decerto, outras pessoas que fizessem o trabalho que lhe foi impedido de fazer. O trabalho dele na prisão era, em primeiro lugar, rezar pela Igreja perseguida do país, e depois, relacionar-se com os carcereiros e demais pessoas que por acaso se encontravam com ele, principalmente nos 4 anos em que ficou com os demais.

Talvez seja esse o problema de muitos: achar-se inútil, por não poder ou não sentir-se com capacidade para fazer os trabalhos da comunidade. E é por esse motivo que eu iniciei os “Eremitas”: Eremita é uma pessoa, homem ou mulher, que fica isolada da sociedade para dedicar-se a uma vida de oração, contemplação e renúncia. O problema, já percebido por São Bento “pai dos monges”, no início da era cristã, é que é perigoso viver sozinho (a). O ser humano é um ser social, comunicativo pela sua própria natureza. O próprio Jesus nos disse que estaria em nosso meio quando dois ou três (ou mais) estiverem reunidos em seu nome. Não é bom viver isolado(a), mesmo que vivamos sozinhos. Viver sozinho (a) não é o mesmo que viver isolado (a).

A nossa proposta é, pois, dar subsídios para que você, que está nessa situação (eu estou no mesmo barco), possa estar ligado (a) a Deus dia e noite, e ao mesmo tempo oferecer-lhe a oportunidade de saber que está inserido (a) num grupo de pessoas, o nosso, que vivem na mesma situação. Só isso!

Não somos sociedade, nem congregação, ou coisa parecida. Somos apenas um grupo de pessoas que querem viver unidas a Deus, intercedendo por todos e todas que fazem o trabalho de Marta, ou seja, de apostolado na catequese, obras sociais, asilos, hospitais, ajuda aos pobres, evangelização, nas prisões, com famílias de prisioneiros, moradores de rua, imprensa e mídia, adictos (dependentes químicos) etc.

Nossa oração perseverante e constante é a base de nosso apostolado. Somos muito necessários (as) na sociedade atual, pela nossa vida de oração. Somos a Igreja “Orante” e muitas vezes padecente, quando temos uma vida de provações, tribulações e sofrimentos. Diz o Cardeal Van Thuan nesse livro que resumi, “Testemunhas da Esperança”, no 10º capítulo (se quiser dar uma olhada, clique no link) diz que, em vez de insistir para que Deus nos livre dos sofrimentos, deveríamos “valorizar toda a dor como um dos inúmeros semblantes de Jesus crucificado e uni-la à sua dor, ou seja, entrar na sua mesma dinâmica de dor-amor; (...)participar de sua luz, da sua força, da sua paz; (...) reencontrar em nós uma nova e mais plena presença de Deus (...) acolhermos (a dor pessoal e a dos outros) profundamente, como se acolhêssemos a Ele. E se, em seguida, esquecidos de nós, projetamo-nos naquilo que Deus nos pede no momento presente, nos próximos que estão ao nosso lado, propensos apenas a amá-los(...) A dor dissipa-se, então, como que por encanto e somente o amor permanece na alma”!

Em 1989, quando ele saiu da prisão, madre Teresa de Calcutá lhe escreveu: “O que importa não é a quantidade de nossas atividades, mas a intensidade de amor que colocamos em cada ação”

Não fique aborrecido (a)! Nossa vida será agradável a Deus se nos dedicamos à oração por nós mesmos e por todos os que trabalham tanto que não dispõem de um tempo maior para a oração. Mas CUIDADO! NÃO SE ISOLE! CRISTÃO ALGUM É UMA ILHA, dizia Thomas Merton. ISOLAR-SE PODE SER PERIGOSO!

Se você quiser comunicar-se conosco, utilize a caixa de comentários logo abaixo. E aconselhamos a lerem novamente o texto “Solidão nunca mais”, deste blog.



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