sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

MISERIA DA VIDA HUMANA

                                                              

Quando estiver unido a Vós com todo o meu ser, em parte nenhuma sentirei dor e trabalho. A minha vida será então verdadeiramente viva, porque estará toda cheia de Vós. Libertais do seu peso aqueles que encheis. Porque não estou cheio de Vós, sou ainda peso para mim.

As minhas alegrias, que deviam ser choradas, lutam com as tristezas, que me deviam incutir jubilo. Ignoro de que lado está a vitória. Ai de mim!

 Ó Senhor, tende piedade de mim! As tristezas do meu mal pelejam com os contentamentos bons, e não sei de que parte está o triunfo.

Ai de mim! Ó Senhor, tende compaixão de mim! Olhai, eu não escondo as minhas feridas.

Vós sois o medico e eu o enfermo; sois misericordioso e eu miserável.

 Não é a vida do homem, sobre a terra, uma contínua tentação? Quem deseja trabalhos e preocupações?

Ordenais aos homens que as suportem e não que as amem. Ninguém ama o que lhe custa, ainda quanto goste de o suportar, porque, apesar de se alegrar com o sofrimento, prefere não ter nada que sofrer.

Nos reveses, anseio pela prosperidade, e nas coisas prósperas, temo a adversidade.

Entre estes dois extremos, qual será o termo médio onde a vida humana não seja tentação?

Ai das prosperidades do mundo, repito, ai das prosperidades do mundo por causa do receio da desgraça e da corrupção da alegria!

 Ai das adversidades do mundo, uma, duas e três vezes, por causa do desejo de prosperidade, por ser a desgraça dura e ameaçar destruir a paciência! Não é a vida humana sobre a terra uma tentação contínua?

Santo Agostinho

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